quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

As Parábolas proferidas pelo Nosso Senhor Jesus Cristo






Autor Presbítero Jânio Santos de Oliveira










            Sumário da matéria  



Definição de parábolas.
1.      C lassificação das parábolas.
2.      O tesouro das parábolas.
3.      O valor das parábolas.
4.      O propósito das parábolas.
5.      A parábola da rede (1)
6.      A parábola da rede (2)
7.      A parábola do bom samaritano (1)
8.      A parábola do bom samaritano (2)
9.      Explicação de algumas parábolas.
10.  A parábola do grão de mostarda.
11.  A parábola do fariseu e do publicano.
12.  O crescimento do reino dos céus










1.      Definição de Parábola




De acordo com suas definições, parábola pode ser:
•          Narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca outra realidade de ordem superior
(Dicionário Aurélio - pág. 513)
•          É uma espécie de alegoria apresentada sob forma de uma narração, relatando fatos naturais ou acontecimentos possíveis, sempre com o objetivo de declarar ou ilustrar uma ou várias verdades.
(LUND/P, E.; NELSON, C. – Hermenêutica – Ed. Vida – pág. 81)
As parábolas são apresentadas no Antigo Testamento da Bíblia (2 Sm 12; Is 5.1-7), nas literaturas rabínicas e no Novo Testamento.
Nos Evangelhos sinópticos, as parábolas e ditos parabólicos proferidos por Jesus somam em torno de 60, ou seja, representam a terça parte de todas as palavras dele que foi registrada nas quatro biografias, de acordo com alguns estudiosos, tornando as parábolas uma importante característica do discurso de Jesus.
Jesus utiliza-se das parábolas para transmitir ensinamentos profundos. A despeito disso, a maioria delas sempre é marcada pela simplicidade e brevidade. Poucas delas são longas, como acontece com a Parábola dos Talentos (Mt 25.14-30) ou a Parábola do Filho Pródigo (Lc 11.32).
Embora, em alguns casos, Jesus inclua exageros — a parábola dos dez mil talentos, uma soma astronômica de dinheiro (Mt 18.24) —, ou implicações alegóricas – maus vinicultores, Mt 21.3-44; Mc 12.12; Lc 20.9-19, que necessitam de interpretação — ou ainda símiles e metáforas. As parábolas de Jesus são sempre tiradas da realidade do mundo cultural e social em que ele vivia contado com o propósito de transmitir verdades espirituais.
Jesus ministrava suas mensagens com facilidade em todos os níveis sociais. Ele tinha conhecimento das mais diversas áreas da sociedade e sabiam quais eram as suas necessidades. Conhecia os fariseus e os peritos na lei. Por meio de suas parábolas Jesus levou aos seus ouvintes a mensagem de salvação, conclamava a se arrependerem e a crerem. Aos crentes, desafiava-os a porem a fé em prática, exortando seus seguidores à vigilância. Quando seus discípulos tinham dificuldade para entender as parábolas, Jesus interpretava.

2.      Classificação das parábolas


As parábolas são divididas em 3 classes:


1.         Parábolas verídicas – a ilustração é tirada da vida diária, portanto seu ensino pode ser reconhecido de forma universal. Ex.: os meninos que brincam na praça (Mt 11.16-19; Lc 7.31-32); a ovelha separada do rebanho (Mt 18.12-14; Lc 15.4-7); uma moeda perdida numa casa (Lc 15.8-10).
2.         Parábolas em forma de histórias – refere-se a acontecimentos passados que são centralizados diretamente em uma pessoa. Ex.: o mordomo sagaz que endireitou a sua situação depois de ter esbanjado o patrimônio do seu senhor (Lc 16.1-9); o juiz que acabou finalmente administrando justiça como respostas às repetidas súplicas de uma viúva (Lc 18.2-8).
3.         Ilustrações – são histórias que focalizam exemplos a serem imitados. Ex.: a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10.30-37).
[editar] As parábolas do Reino
O Reino de Deus é um tema recorrente nas parábolas de Jesus. Ele estava implantando um novo Reino espiritual e todo seu enfoque estava na manifestação desse Reino, por isso muitos não o compreendiam (Mt 13.13) por estarem com seus corações endurecidos, cheios de incredulidade.
Jesus proferiu várias parábolas referindo-se diretamente ao Reino de Deus e que, freqüentemente, revelam uma perspectiva escatológica: o Trigo e o Joio (Mt 13.24-30); A Rede (Mt 13.47-50); das Bodas (Mt 22.1-14); das Dez Virgens (Mt 25.1-13); dos Talentos (Mt 25.14-30); etc.
É importante observar que as parábolas de Jesus são compreendidas a partir do momento que existe disposição interior para compreender o próprio Mestre.
[editar] Ditos parabólicos
Há também vários ditos parabólicos breves e sábios que pode ter sido circulado como provérbios nos dias de Jesus: "Médico, cura-te a ti mesmo" (Lc 4.23); "Pode porventura um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco?" (Lc 6.39).
Parábolas e ditos parabólicos, disposta em conformidade com o contexto geral dado nos Evangelhos:
O Sermão da Montanha
•sal da terra (Mt 5.13; Mc 9.49-50; Lc 14.34-35)
•A luz do mundo (Mt 5.14 e segs.; Mc 4.21; Lc 8.16)
•Dos tesouros (Mt 6.19ss; Lc 12.33-34)
•O olho é (Mt 6.22-23; Lc 11.34ss)
•As aves do céu e os lírios do campo ( Mt 6.26ss; Lc 12.24-48)
•Do servir a dois senhores ( Mt 6.24; Lc 16.13)
•O argueiro no olho ( Mt 7.3-5; Lc 6.41-42)
•Da profanação daquilo que é santo (Mt 7.6)
•As duas estradas (Mt 7.13-14; Lc 13.23-24)
•Os lobos disfarçados em ovelhas e “Pelos seus frutos...” ( Mt 7.15-20)
•A casa edificada na rocha (Mt 7.24-27; Lc 6.47ss)
•O ministério na Galiléia
A seara é grande (Mt 9.35-38; Mc 6.6-34; Lc 8.1; Jo 4.35)
•Os dois devedores ( Lc 7.41ss)
•O sinal de Jonas (Mt 12.38-42; 16.1-4; Mc 8.11-12; Lc 11.16; Jo 6.40)
•A parábola do semeador (Mt 13.1-9; Mc 4.1-9; Lc 8.4-8)
•A razão do falar em parábolas (Mt 13.10-17; Mc 4.10ss; Lc 8.9-10; Jo 9.39)
•Quem tem ouvidos para ouvir, ouça (Mt 11.15; Mc 4.8,23; Lc 8.8; 14.35)
•A semente que cresce secretamente ( Mc 4.26-29)
•O trigo e o joio ( Mt 13.24-30)
•O grão de mostarda (Mt 13.31-32; Mc 4.30ss; Lc 13.18-19)
•O fermento ( Mt 13.33; Lc13.20-21)
•Por que Jesus falou por parábolas (Mt 13.34-34; Mc 4.33-34)
•O tesouro oculto e a pérola de grande valor ( Mt 13.44ss)
•A parábola da rede ( Mt 13.47-50)
•Tesouros velhos e novos ( Mt 13.51-52)
•Os verdadeiros parentes de Jesus (Mt 12.46-50; Mc 3.20-21; Lc 8.19ss; Jo 15.14)
•O servo incompassivo (Mt 18.23-35)
No Caminho de Jerusalém
•O Bom Samaritano (Lc 10.29-37)
•O amigo à meia-noite (Lc 11.5-8)
•A luz (Lc 11.33; Mt 5.15; Mc 4.21)
•O olho bom (Lc 11.34ss; Mt 6.22-23)
•O rico e o tolo (Lc 12.26-21)
•A figueira estéril (Lc 13.1-9; Mt 21.19-18; Mc 11.12ss)
•Contando o preço de construir uma torre e ir à guerra (Lc 14.28-33)
•A ovelha perdida (Lc 15.1-7)
•A moeda perdida (Lc 15.8ss)
•O filho pródigo (Lc 15.11-32)
•O administrador infiel (Lc 16.1-9)
•O rico e o Lázaro (Lc 16. 19-31)
•Somos servos inúteis (Lc 17.7-10)
•O juiz iníquo (Lc 18.1-8)
•O fariseu e o publicano (Lc 18.9-14)
] O Ministério na Judéia
•Das riquezas (Mt 19.23-30; Mc 10.23-31; Lc 18.24-30)
•Os trabalhadores da vinha (Mt 20. 1-16)
•Os talentos (19.11-27; Mt 25.14-30; Mc 13.34)
] O Ministério Final em Jerusalém
•Os dois filhos ( Mt 21.28-32)
•Os lavradores maus (Mt 21.33-46; Mc 12.1-12; Lc 20.9-19)
•As bodas (Mt 22.1-14)
•A oferta da viúva pobre (Mc 12.41-44; Lc 21.1-4)
•A figueira ( Mt 24.32-36; Mc 1328-32; Lc 21.29-33)
•A exortação à vigilância (Mc 13.33-37; Mt 25.13ss; Lc 19.19-20)
•O dilúvio, a vigilância e o ladrão de noite (Mt 24.37-44; Lc 17.26-36; 12.39-40)
•O bom servo e o mal servo (Mt 24.45-51; Lc 12.41-46)
•As dez virgens (Mt 25.1-13; Mc 13.33-37; Lc 12.35-38; 13.25-28)
•As ovelhas e os cabritos (Mt 25.31-46)
Os discursos no Evangelho de João
O ensino de Jesus no quarto Evangelho apresenta-se em discursos e diálogos que, mesmo assim, empregam a linguagem figurada parabólica.
•novo nascimento (Jo 3.1-36)
•A água da vida ( Jo 4.1-42)
•O Filho (Jo 5.19-47)
•O pão da vida (Jo 6.22-66)
•O Espírito vivificante (Jo 7.1-52)
•A luz do mundo (Jo 8.12-59)
•O bom Pastor (Jo 10.1-42)
•Os discursos de despedida (Jo 13.1-17,26), que incluem os ditos acerca da casa do Pai (14.2ss), do caminho (14.6), da videira (15.1-16), e das dores de parto (16.2ss).





Parábola é uma narrativa, imaginada ou verdadeira, que se apresenta com o fim de ensinar uma verdade. Difere do provérbio neste ponto: não é a sua apresentação tão concentrada como a daquele, contém mais pormenores, exigindo menor esforço mental para se compreender. E difere da alegoria, porque esta personifica atributos e as próprias qualidades, ao passo que a parábola nos faz ver as pessoas na sua maneira de proceder e de viver. E também difere da fábula, visto como aquela se limita ao que é humano e possível.
O emprego contínuo que Jesus fez das parábolas está em perfeita concordância com o método de ensino ministrado ao povo no templo e na sinagoga. Os escribas e os doutores da Lei faziam grande uso das parábolas e da linguagem figurada, para ilustração das suas homilias. Tais eram os Hagadote dos livros rabínicos. A parábola tantas vezes aproveitada por Jesus, no Seu ministério (Mc 4.34), servia para esclarecer os Seus ensinamentos, referindo-se á vida comum e aos interesses humanos, para patentear a natureza do Seu reino, e para experimen¬tar a disposição dos Seus ouvintes (Mt 21.45; Lc 20.19). As parábolas do Salvador diferem muito umas das outras. Algumas são breves e mais difíceis de compreender. Algumas ensinam uma simples lição moral, outras uma profunda verdade espiritual.

Estas são as parábolas proferidas por Jesus:

01 - O Semeador
Mateus 13.5-8

02 - O Joio
Mateus 13.24-30

03 - O Grão de Mostarda
Mateus 13.31,32

04 - O Fermento
Mateus 13.33

05 - O Tesouro Escondido
Mateus 13.44

06 - A Pérola
Mateus 13.45,46

07 - A Rede
Mateus 13.47-50

08 - A Ovelha Perdida
Mateus 18.12-14

09 - O Credor Incompassivo
Mateus 18.23-35

10 - Os Trabalhadores da Vinha
Mateus 20.1-16

11 - Os Dois Filhos
Mateus 21.28-32

12 - Os Lavradores Maus
Mateus 21.33-46

13 - As Bodas
Mateus 22.1-14

14 - As Dez Virgens
Mateus 25.1-13

15 - Os Talentos
Mateus 25.14-30

16 - A Semente
Marcos 4.26-29

17 - Os Dois Devedores
Lucas 7.41-43

18 - O Bom Samaritano
Lucas 10.25-37

19 - O Amigo Importuno
Lucas 11.5-8

20 - O Rico Louco
Lucas 12.16-21

21 - A Figueira Estéril
Lucas 13.6-9

22 - A Grande Ceia
Lucas 14.16-24

23 - A Drácma Perdida
Lucas 15.8-10

24 - O Filho Pródigo
Lucas 15.11-32

25 - O Administrador Infiel
Lucas 16.1-9

26 - O Rico e Lázaro
Lucas 16.19-31

27 - Os Servos Inúteis
Lucas 17.7-10

28 - O Juiz Iníquo
Lucas 18.1-8

29 - O Fariseu e o Publicano
Lucas 18.9-14

30 - As Dez Minas
Lucas 19. 12-27







edjeus
PARÁBOLAS

A palavra portuguesa "parábola" vem diretamente do grego "parabolé", significando "pôr ao lado de", com o sentido de "comparar", a fim de servir especificamente como uma ilustração de alguma verdade ou ensino. Uma parábola é uma forma de discurso, ou uma estória ou um dito para ilustrar uma lição que se deseja ensinar. A parábola verídica é uma ilustração da vida real, e seu ensinamento é universalmente reconhecido. Parábolas na forma de estórias referem-se a um evento que ocorreu no passado e que se centralizam numa só pessoa. As ilustrações são estórias que projetam um exemplo que deve ser imitado. As parábolas também se referem a ditos sapiencias breves, que talvez tenham circulado como provérbios nos dias de Jesus: "Médico, cura-te a ti mesmo", Lc. 4:23.

Originalmente, a parábola era uma narrativa curta, usando detalhes da vida cotidiana para ilustrar noções morais, sendo um eficaz recurso pedagógico porque exprimia as coisas em termos compreensíveis e facilitavam a sua recordação. Entretanto, parecem ter sofrido intervenção externa, mais do que a maioria dos outros materiais. Em algum momento primordial da história da sua transmissão, elas começaram a ser considerados mistérios, com significação oculta, ou pelo menos alegorias, mudança que é refletida na utilização que lhes é dada nos Evangelhos. Acrescentam-se por vezes interpretações que só se destinam aos discípulos e, pelo menos num caso, Mt. 13:24-30, suspeita-se que o escritor do Evangelho tenha criado a sua parábola e respectiva interpretação, atribuindo sua autoria a Jesus, segundo alguns críticos.
Certamente, Jesus Cristo não é o autor do gênero literário parabólico, embora com Ele, as parábolas sejam sui generis, em criatividade e objetividade. As parábolas já existiam no Velho Testamento, os eruditos alistam cerca de 10 parábolas nos escritos canônicos. Os hebreus eram grandes contadores de histórias, era natural que as parábolas viessem a fazer parte dos escritos sagrados e comentários daquele povo. Os escritos rabínicos contêm excelentes parábolas, uma delas nos informa a razão pela qual Abraão é chamado de "a rocha de que foram cortados", Is 51:1 Yalqut sobre Nm. 7:66. No apócrifo essênio do Gênesis, uma fábula descreve como a palmeira ( Sara ), pede que o cedro ( Abraão ) seja poupado, colocando em cena as plantas, que se comportam como seres humanos; em Jesus Cristo, não encontramos fábula, nenhuma figueira ou videira a falar! No livro de Enoque Etíope, lê-se um resumo da história de Israel na forma duma longa alegoria de animais; Jesus de fato emprega as metáforas correntes, na sua maioria procedente do V.T. e que estavam na boca de todos, mas nunca compôs alegorias! Nem em toda a literatura intertestamentário do judaísmo antigo, nem nos escritos essênios, nem em Paulo, nem mesmo na literatura rabínica, achamos algo que possa ser posto em paralelo com as parábolas de Jesus. Para encontrarmos algo comparável, deveríamos retroceder em direção a pregação profética, como na parábola de Natan em 2Sm 12:1-7, ao cântico da vinha em Is. 5: 1-7. Mesmo nestes casos, trata-se de um testemunho esparso, ao passo que os Sinóticos nos transmitem cerca de 40 parábolas de Jesus, segundo alguns críticos. Hoje, é reconhecido que elas são parte integrante da rocha original da tradição - sem prejuízo da necessidade da análise crítica de cada uma das parábolas em particular e da história de sua tradição.
Parece que Marcos apresenta um exemplo significativo de interpretação alegórica, embora não segundo o estilo veterotestamentário, na parábola do semeador contada por Jesus Cristo. Esta pode muito bem manter-se como tal, o que parece ser tudo o que Jesus pretendia que fosse. Muito provavelmente, Marcos incorpora uma leitura da parábola que era corrente na Igreja primitiva, dando-lhe uma interpretação alegórica. Somente com o surgimento da "crítica alta" - o estudo da Bíblia em termos histórico-literários - a apreciação do sentido literal instala-se por completo, com isto as parábolas de Jesus puderam ser lidas apenas como tais, sem ter imposta a si uma carga de alegorização.
As parábolas de Jesus não eram sempre compreendidas por seus discípulos, aos quais interpretaram muitas das Suas parábolas, nem por muitos dos Seus seguidores e ouvintes. Parece existir a questão do ocultamento do significado parabólico de todos: introduz-se a idéia do "segredo messiânico", visto por alguns estudiosos da Escritura. A ocultação intencional de Jesus foi interpretada também como uma forma de manifestação da rejeição divina dos judeus incrédulos, sem com isso, explicar porque o segredo da ocultação messiânica é repetidamente violado, e porque os discípulos escolhidos não compreendem o segredo a eles revelado. De acordo com alguns críticos, deixar de compreender a Cristo é deixar de compreender as suas verdades; mas Ele veio buscar e salvar (Lc. 19:10 ), o que significaria que Ele teria vindo para ensinar claramente aos homens o caminho da salvação. Não é concebível que tenha vindo para enganar. Com isto, concluem alguns que os homens mal entendiam a Cristo, em função das atitudes negativas deles, um aspecto da lei da colheita segundo a semeadura: a fé no homem Jesus como o Filho de Deus, só é possível se baseada na fé na ação divina manifestada na crucificação e ressurreição de Jesus Cristo.
As parábolas de Jesus retratam a vida diária, embora em alguns casos haja um exagero deliberado, como em Mt. 18:24; ou implicações alegóricas que possam ser detectadas. Aquelas que Cristo ensinava, não eram alegóricas em que cada nome, lugar ou pormenor é simbólico no sentido de exigir uma interpretação. As parábolas incluem metáforas e símiles, mas nunca estão longe da realidade e nunca transmitem idéias fictícias. São estórias tiradas do mundo existencial em que Jesus Cristo vivia e são contadas com o propósito de transmitir uma verdade espiritual.
Jesus era conhecedor da vida humana em todas as suas formas e variantes, em todos os seus modos e meios. Era familiarizado com a vida do agricultor, do vinhateiro, do pescador, do construtor e do mercador. Algumas profissões eram por Ele conhecidas, como as de ministro da fazenda, juiz, cobrador de impostos e administrador. Conhecia os fariseus e os peritos da lei. Jesus se sentia a vontade em todos os níveis sociais e sabia ministrar a todas as pessoas independentemente da sua posição social, formação e profissão. Por meio de parábolas, o Cristo levou a todos a mensagem de salvação, conclamava Seus ouvintes a se arrependerem e a crerem, desafiava os crentes da época a praticar a sua fé e exortava Seus seguidores a exercerem a vigilância.

3.      O TESOURO DAS PARÁBOLAS

DEFINIÇÃO: história terrestre, possível de acontecer, com sentido celestial. Verbos no passado
(ex: Filho pródigo Lucas. 15:11-32 ).
METÁFORA: figura de linguagem pela qual se diz que algo é o que não é; para causar uma idéia de semelhança imaginária entre dois indivíduos ou coisas.
(ex: Disse Jesus: " Eu sou a porta... ").
SÍMILE OU COMPARAÇÃO: é a mesma coisa que metáfora, mas é introduzida por: como, tal, qual, tal como, tal qual, semelhante, similar. A semelhança tem de ser imaginária.
(ex: METÁFORA - "eu sou o bom pastor”
SÍMILE - "eu sou como o bom pastor que dá a sua vida pela suas ovelhas”.()
FÁBULA: Lições morais em que animais agem tal qual ser humano contêm detalhes inverossímeis.
SIMILITUDE: são parábolas com os verbos no presente. Expressa o que costuma acontecer.
(ex: Parábola da Candeia, Lucas 11:33).
ALEGORIA: tem uma lição independente para cada detalhe. Qualquer coisa pode significar qualquer coisa, dependendo da imaginação do intérprete; não há lição principal.
(ex: Algo vermelho - sangue de Cristo... redenção dos “pecados”).
4.      VALOR DAS PARÁBOLAS
TRANSCULTURAL: - são válidas em toda parte.
INTEMPORAL: - falam ao fundo do nosso ser, alheios ao que ocorre na superfície da nossa vida ou no fluir dos acontecimentos que nos rodeiam.
SIMBÓLICO: - comunicação não verbal.
Para os eruditos ou para os ignorantes.
Para os modernos ou para os antiquados.
SUBVERSIVO: - desafiam a ordem estabelecida, as estruturas sociais e os sistemas de valores. Desmascaram a vida cotidiana.
CAIXAS DE RESSONÂNCIA: - é um espelho. Através destas, o ouvinte vê-se a si próprio como é, e não como pretende ser.
PROVOCADOR: - forçam o ouvinte a reavaliar as pautas do próprio comportamento, pensamento e emoções. Sacodem-nos, induzindo-nos a reformar-nos e a renovar-nos.

Tiram-nos do engano a respeito de nós mesmos e da falta de verdadeiros propósitos.
PROFÉTICO E PROCLAMADOR: - o que se deve e o que se não deve aceitar.
Manifestam a fidelidade definitiva de Deus que é amor e, como tal, resposta para todos os conflitos humanos.


5. PROPÓSITO DAS PARÁBOLAS

As parábolas de Jesus foram contadas para provocar reação, para forçar os ouvintes a tomarem decisões. "Que pensais vós?" Exigia dos ouvintes resposta a pergunta ou lhes levava a tomar uma atitude.

A parábola é contada não para entretenimento, mas para mover os ouvintes à ação: “Vai tu e faze o mesmo... Que vos parece?... Quem dentre vós?... Qual dos dois fez a vontade do pai?”.

A parábola não indica lições explicitamente. Apenas sugere, implicitamente. O auditório tem que raciocinar, tem que esforçar-se para achar o seu sentido. Os acomodados não percebem a riqueza dessas histórias. Ouvem mas não entendem.
O MÉTODO DAS PARÁBOLAS DE JESUS
Então se aproximaram os discípulos, e lhe perguntaram: “Porque lhes falas por parábolas? Ao que respondeu: Porque a vós outro é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido”.
Mateus 13,10-11

A PARTIR DA VIDA PARA CHEGAR À VIDA

Jesus partia da vida concreta do povo ao qual se dirigia.

Hoje poderíamos dizer que estas mesmas parábolas evidentemente não correspondem à vida concreta das pessoas em nossa sociedade industrializada.

Mas se observarmos três traços no método de parábolas de Jesus, observaremos:
Sua atenção ao
• Comportamento
• Ao diálogo
• À experiência

LISTA DE PARÁBOLAS-LIVRO: O REDENTOR
USOS E COSTUMES SOCIAIS

OS DEZ TALENTOS Mateus 25:14-30 / Lucas 19:12-26
AS BODAS Mateus 22:1-14 / Lucas 14:15-24
VIÚVA OPRIMIDA Lucas 18:2-8
O BOM SAMARITANO Lucas 10:30-37
O RICO AVARENTO Lucas 12:16-21
FARISEU E PUBLICANO Lucas 18:9-14
OS PRIMEIROS LUGARES Lucas 14:7-14
O RICO E O POBRE Lucas 16:19-31

ASSUNTOS DOMÉSTICOS E DE FAMÍLIA

OS DOIS FILHOS Mateus 21:28-35
O FILHO PRÓDIGO Lucas 15:11-32
O CREDOR INCOMPASSÍVO Mateus 18:31-35
O BOM E O MAU SERVO Mateus 24:45-51 / Lucas 12:35-48
AS DEZ VIRGENS Mateus 25:1-13
O HOMEM PREVIDENTE Lucas 14:25-35
O REINO DOS CÈUS Mateus 13:44-53
A DRACMA PERDIDA Lucas 15:8-10
A CANDEIA Marcos 4:21-25 / Lucas 8:16-18
A DRACMA PERDIDA Lucas 15:8-10
VIDA RURAL

O SEMEADOR Mateus 13:1-23 / Marcos 4:1-20 / Lucas 8:4-15
O TRIGO E O JOIO Mateus 13:24-30
O GRÃO DE MOSTARDA Mateus 13:31-32
A FIGUEIRA ESTÉRIL Lucas 13:6-9
OBREIROS DA VINHA Mateus 20:1-16
LAVRADORES MAUS Mateus 21:33-41
A OVELHA DESGARRADA Lucas 15:3-7
A FIGUEIRA QUE SECOU Mateus 21:18-22 / Marcos 11:12-14
A SEMENTE QUE BROTA Marcos 4:26-29
O BOM PASTOR João 10:1-16

AS PARÁBOLAS
OS MISTÉRIOS DO REINO DE DEUS.
1- A SEMENTEIRA DO REINO
O semeador, o joio no campo do trigo.
A colheita em vias de crescimento.

2 - A ANTÍTESE DO REINO
O grão de cevada, o fermento.

3 - O ENCONTRO DO REINO
O tesouro e a pérola.
A NOVA JUSTIÇA - A MISERICÓRDIA DE DEUS.
O bom pastor, a mulher e a dracma perdida,
O pai misericordioso.
Os justos segundo o coração de Deus
O filho pródigo, O bom Samaritano,
O coração do publicano.
A ruptura

A colheita
Os trabalhadores da undécima hora.
O administrador prudente.
Os talentos.
AS PARÁBOLAS DO REENCONTRO
• Ovelha perdida
• A mulher e a dracma perdida
• filho pródigo
"Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma perdida” - Lucas 15:9.


"Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício” - Mateus 9:13, 12:7.
Jesus é o bom e meigo Pastor das almas, que nos acena com a sua imorredoura mensagem, dando a certeza de que "O Pai não quer a morte do ímpio, mas que ele se redima e viva".
O método de Jesus continua exemplar para nós.

edjeus
  • PARÁBOLAS
Marcos (capítulo 4)

1.  Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra junto do mar.
2.  Então lhes ensinavam muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino:
3.  Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear;
4.  e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
5.  Outra caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
6.  Mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.
7.  E outra caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu fruto.
8.  Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto; e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro cem.
9.  E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
10.  Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca da parábola.
11.  E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas;
12.  para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados.
13.  Disse-lhes ainda: Não percebeis esta parábola? Como, pois entendereis todas as parábolas?
14. O semeador semeia a palavra.
15.  E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.
16.  Do mesmo modo, aqueles que foram semeados nos lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra, imediatamente com alegria a recebem;
17.  Mas não têm raiz em si mesma, antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.
18.  Outros ainda são aqueles que foram semeados entre os espinhos; estes são os que ouvem a palavra;
19.  Mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
20.  Aqueles outros que foram semeados em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, a trinta, a sessenta, e a cem, por um.
21.  Disse-lhes mais: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? Não é antes para se colocar no velador?
22.  Porque nada está encoberto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para vir à luz.
23.  Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
24.  Também lhes disse: Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medis vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.
25.  Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
26.  Disse também: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente a terra,
27.  E dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse sem ele saber como.
28.  A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.
29.  Mas assim que o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.
30.  Disse ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos?
31.  É como um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra;
32.  Mas, tendo sido semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.
33.  E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam compreender.
34.  E sem parábola não lhes falava; mas em particular explicava tudo a seus discípulos.
35.  Naquele dia, quando já era tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
36.  E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia com ele também outros barcos.
37.  E se levantou grande tempestade de vento, e as ondas batiam dentro do barco, de modo que já se enchia.
38.  Ele, porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?
39.  E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança.
40.  Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?
41.  Encheram-se de grande temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?



A palavra portuguesa parábola deriva-se do termo grego parabolh; parabolé, ou seja, "pôr ao lado de", "comparar". A palavra hebraica é lv'm’; mashal tem sua raiz etimológica derivada de um verbo hebraico que quer dizer "ser como", denotando uma símile ou analogia; tudo indica que no Antigo Testamento a palavra poderia ser também aplicada para "historias curtas", mas também possui outros significados. Não devemos estranhar esta peculiaridade das expressões idiomáticas, tanto do hebraico quanto do grego, já que seus cognatos podem ser comparados e traduzidos como enigmas, provérbios, adágios, aforismos, charadas, etc. Por exemplo, a historia que o profeta Natã contou ao rei Davi, no Antigo Testamento, em II Sm 12:1-13, apresenta características de uma parábola, embora não seja diretamente contada como tal.
O Dr. Herbert Lockyer, em seu livro intitulado "Todas as Parábolas da Bíblia" investigou mais de 250 dessas preciosas literaturas, que tanto enriqueceu o povo de Deus através dos tempos. Existem muitas parábolas na Bíblia tanto no A.T quanto no N.T, mas nestes estudos bíblicos que realizaremos todas as quartas-feiras, estaremos nos atendo apenas as parábolas contidas nos Evangelhos Sinóticos, isto é, nos evangelhos canônicos de Mateus, Marcos e Lucas. Em Mateus temos 18 parábolas, sendo 11 exclusivas. Lucas relata 22, das quais 7 delas também figuram ou fazem consonância de relato com as de Mateus; as outras 15 parábolas restantes em Lucas só aparecem em seu próprio evangelho. No evangelho escrito por Marcos temos apenas 5 parábolas, sendo 2 exclusivas de seu relato e são muito curtas ou concisas em seu ensino.
Uma observação que devemos fazer agora é que no Evangelho de João não encontraremos parábolas registradas, pelo fato de terem sido substituídas por discursos ou declarações enigmáticas. Os três primeiros evangelhos canônicos conhecidos como sinópticos, são o registro comum de narrativas da vida e obra de Jesus do ponto de vista dos autores. Ao passo que João quando escreve o quarto evangelho registra fatos que os outros três omitiram. Esse fato por si só explica a ausência de parábolas. Contudo, podemos analisar algumas imagens utilizadas por Jesus para transmitir conceitos teológicos tremendos a respeito de Sua Pessoa e Obra. Tais como: A Parábola do Verbo (Jo 1:1-14) ou a Parábola dos Anjos e da Escada (Jo 1: 47-51).
Jesus utilizou as parábolas para servir de ilustração das verdades do Reino de Deus e aplico-as como ensinos doutrinários, conotações morais e iluminações espirituais para seus discípulos; pois, as parábolas tinham duas finalidades, pelo menos, em sua quinta-essência.
Primeiro, revelava as verdades de Deus aos seus discípulos fieis e confirmava-os no caminho da verdade; embora muitas das parábolas que Jesus narrou para as multidões, os seus próprios discípulos, a priori, não entenderam, todavia Jesus lhes ensinava tudo em particular (Mc 4:2-9,13). E a segunda finalidade das parábolas era obscurecer os ensinos do Reino de Deus para os empedernidos e desobedientes às verdades de Deus. Vejamos isto na pratica: ao passo que "aos de fora", como está em Mc 4:11; E ele disse-lhes: A vós (os discípulos) vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas, para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados.
Perceba bem, Jesus estava ocultando as realidades espirituais para os incrédulos, não porque desejava vê-los fora do Reino de Deus, ou estivesse fazendo acepção de pessoas para a salvação, mas porque a atitude do povo e dos religiosos da época era de endurecimento deliberado de seus próprios corações para com a única mensagem que poderia livrá-los dos seus pecados. Garantindo-lhes pleno perdão e dar-lhes, de graça, entrada no céu e nas promessas eternas. Mas o Evangelho do Reino de Senhor e o Messias de Israel foram rejeitados pelos que esperavam nas promessas feitas aos pais, Abraão, Isaac, e Jacó. Assim, se cumpria neles o que estava predito pelo profeta Isaías, o profeta messiânico, a mais de setecentos anos antes do advento do Cristo; (Is 6:9-10); (Mt 13:13-15); Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. Desorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de "mau grado" com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure.
Podemos ampliar um pouco as finalidades das parábolas mostrando o seu valor pedagógico e sua utilidade para nós nos dias de hoje:
1º Elas revelam as verdades necessárias para a nossa salvação, despertando o interesse em aprendê-las cada vez mais (Mt 13:10, 11,16).
2º Elas tornam mais conhecidas, ou mais iluminadas, verdades que já conhecemos, dando-nos mais conhecimento e certeza de nossa fé em Cristo (Mt 13:11, 12, 16,17).
3º Elas nos revelam os mistérios do Reino de Deus; coisas que são ocultas ou obscuras para os incrédulos, nos são revelados por Cristo (Mt 13; 11).
4º Ocultando as verdades aos ouvintes rebeldes e desinteressados, nos deixam mais cuidadosos para que não venhamos a negligenciar as grandes verdades que nos foram dadas por meio dos profetas do Senhor (Mt 13:11-15).
5º Acrescentando conhecimento aos que amam a verdade, faz com que venhamos a nos afastar daqueles que a odeiam ou não a desejam (Mt 13:12).
6º Assim vemos as profecias se cumprirem diante de nossos olhos diariamente (Mt 13:14), pois a Palavra de Deus nunca torna vazia. (Is 55:11) assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Quando as pessoas estão cegas pelos seus próprios pecados e se recusam em se arrependerem, reconhecendo que só Jesus pode curá-los e salvá-los, cumpri-se nelas a profecia de Isaías. Quando Jesus adotou o método de ensinar por meio de parábolas, quer os seus discípulos, as multidões, aos fariseus, ou aos seus inimigos declarados, ele o fez, a fim de convencer e confirmar os seus discípulos, ao passo que condenava aos rebeldes e impenitentes.
Quanto ao conteúdo das parábolas podemos dividi-las em assuntos teológicos, tais como:
I.A Natureza Eclesiológica das Parábolas.
(Apresentam o Reino dos Céus como uma força divina mostra o Reino do Messias). Em sua origem e desenvolvimento, provavelmente foram proferidas por volta da metade do ministério de Jesus na cidade de Cafarnaum. (Seu propósito é instruir os discípulos e treinálos para que possam desenvolver um excelente ministério).
1º A Parábola do Semeador.
2º A Parábola do Joio e do Trigo.
3º A Parábola do Grão de Mostarda.          
4º A Parábola da Semente.
5º A Parábola do Fermento.
6º A Parábola do Tesouro Escondido.
7º A Parábola da Pérola.
8º A Parábola da Rede.
9º A Parábola da Ovelha Perdida.
10º A Parábola da Dracma Perdida.
11º A Parábola do Filho Pródigo.
(* trata não apenas da organização, mas do comportamento cristão dentro do Reino).
12º A Parábola dos Trabalhadores da Vinha.
(* esta parábola é escatológica em sua essência doutrinaria).
II. A Natureza Moral nas Parábolas.
(A conduta do cristão dentro do Reino. Estas parábolas possuem um caráter evangelístico, visam ressaltar a graça de Deus e o seu cuidado com os "pobres". Maior parte destas parábolas está registrada em Lucas e seu testemunho de cunho altamente moral desejam enfatizar esta presente dispensação de graça ou da economia de Deus para esta geração).
1º A Parábola do Credor Incompassivo.
2º A Parábola do Bom Samaritano.
3º A Parábola dos Dois Filhos.
4º A Parábola dos Dois Devedores.
5º A Parábola do Amigo Importuno.
6º A Parábola do Rico Insensato.     
7º A Parábola do Mordomo Infiel.
8º A Parábola do Servo Inútil.
9º A Parábola do Juiz Iníquo.
10º A Parábola do Publicando e do Fariseu.
11º A Parábola dos Edificadores da Torre.
12º A Parábola do Rei que vai a Guerra.
II.A Natureza Escatológica das Parábolas.
(Conhecidas como as parábolas do ultimo período, estas tratam da revelação de Deus na historia das noções, não apenas a nação de Israel, mas a todas as noções que terão que passar pelos juízos de Deus e pelo seu julgamento final. Temos aqui previsões de Jesus em seu oficio de Profeta, narrando o que deve acontecer nos finais dos tempos. Estas parábolas ficaram conhecidas como pequenos apocalipses, pois seu conteúdo escatológico deixa todos em suspense, certos de que o fim de todas as coisas é iminente e que devemos estar preparados. Em Mateus 24: 42, diz: Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor).
1º A Parábola da Figueira Estéril.
2º A Parábola dos Lavradores Maus.
3º A Parábola do Servo Bom e do Servo Mau.
4º A Parábola dos Talentos.
5º A Parábola da Figueira.
6º A Parábola das Bodas,     
7º A Parábola das Dez Virgens.
8º A Parábola doa Bodes e das Ovelhas.
• A "Parábola do Rico e Lazaro" será examinada em pormenores, pois ela não se trata de uma parábola no seu sentido lato, mas de uma narrativa real de um fato conhecido no meio da teologia judaica nos tempos de Jesus. Por enquanto, deixaremos os detalhes para um momento posterior.
Quanto à interpretação das Parábolas de Jesus, não podemos fugir dos métodos histórico-gamatical e histórico-literário, devemos fugir sim, de uma interpretação puramente existencialista dos textos que serão analisados. Aplicar os recursos da hermenêutica é essencial para a verdadeira compreensão das doutrinas escrituristica e comparar as Escrituras com as Escrituras, verificando, no conjunto de todo arcabouço bíblico, o valor de cada palavra, analisando os contextos imediatos e remotos. procurando conhecer os termos básicos das narrativas, valendo-se do conhecimento das línguas originais, conhecimentos geográficos, de legislação mosaica e até dos próprios costumes da época, bem como seguir uma linha doutrinaria cristocêntrica, determinando o valor teológico à luz do intuito do Autor dos autores, o Espírito Santo; não confundido um mandamento divino com as tradições ou dogmas humanos, pois os mandamentos divinos são sine qua non as compreensões reais das verdades espirituais e principalmente para levar-nos ao verdadeiro arrependimento e fé em Cristo.
As Parábolas de Jesus são como fechas no coração dos ouvintes, pois a intenção maior é penetrar no núcleo da alma do homem para que seu coração seja introduzido no âmbito do Reino de Deus e para que suas ações sejam norteadas e dirigidas pelo poder do Espírito Santo.
Para uma melhor compreensão da interpretação das Parábolas de Jesus, use os seguintes critérios:
1º Destaque como clareza o ensino central nas parábolas, pois todas elas possuem um eixo doutrinário, ou seja, um ponto central. Por exemplo: A Parábola do Joio e do Trigo; significa que o bem e o mal convivem no mundo e assim será até o fim dos tempos.
2º As parábolas, não podem, em muitos casos, serem interpretadas palavras por palavras ou detalhes por detalhes; embora guardem paralelos que pode ser utilizados como aplicação secundaria, desde que não venhamos a incorrer no erro da heresia na aplicação doutrinaria.
3º As parábolas em parte se limitam à narrativa da secção da imagem, acrescentam uma breve comparação ou uma interpretação desenvolvida, e em parte termina com um imperativo, com uma pergunta ou com uma sentença doutrinal.
4º Saiba diferenciar uma parábola de uma alegoria. O principio que você pode aplicar é que as parábolas são narrativas que possuem apenas um ponto de comparação, para o qual conflui todo o conteúdo. Mas, as alegorias, ao contrario, possuem em cada detalhe uma historia que pode determinar um ponto de comparação ou partida.
5º Devemos ser capazes de saber quando é que numa parábola o autor está usando uma linguagem coadjuvante, tal como, uma metáfora, símbolos, tipos, etc.
6º O Principio Sola Scrititura deve nortear estes estudos das parábolas. Ele diz o seguinte: a Escritura é inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. Negamos que qualquer credo, concílio, indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal seja maior ou igual à revelação dada aos apóstolos e profetas, no sentido de revelação escrituristica ou canônica. Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, e não experiências pessoais sem respaldo bíblico. Os nossos estudos precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensinos, não a expressão de opinião ou de idéias da presente época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado. A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo.
7º As Escrituras devem ser interpretadas no seu sentido geral e uniforme, tanto a teologia bíblica quanto a teologia sistemática, são úteis para este propósito. Cristo é a chave da interpretação da Bíblia, porquanto toda ela se refere a Ele, se concentra Nele e dar testemunho Dele. O nosso estudo é Cristocêntrico.
Concluirmos essa parte introdutória agrupando em nove grupos ou tipos de situação/ e ou finalidades das Parábolas de Jesus. Ao estudarmos as parábolas estaremos nos lembrando sempre desta lista que o Dr. Roy B. Zuck sugeriu em seu livro "A Interpretação Bíblica; Meios de Descobrir a Verdade da Bíblia".
            1º Parábolas em resposta a determinadas perguntas: (Mt 9:14); (Lc 10:29), etc.
            2º Parábolas em resposta a pedidos: (Lc 11:5-8); (Lc 12:16-21).
            3º Parábolas em resposta as críticas: (Lc 7:39); (Lc 15:2).
            4º Parábolas contadas com propósitos definidos: (Lc 18:1); (Lc 19:11).
            5º Parábolas sobre o Reino porque Israel rejeitava Jesus como Messias: (Mt 13: 13-52); são sete parábolas seguidas, elas foram narradas por que Jesus foi rejeitado como alguém endemoninhado (Mt 12:24).
            6º Parábolas que trazem uma subseqüente exortação ou principio; (Mt 24:45).
            7º Parábolas que ilustram situações: (Mt 7:24); (Lc 7:31-35).
            8º Parábolas de finalidades implícitas: (Mt 25:14-30); (Mc 4:26-29).
As parábolas devem nos colocar inevitavelmente no lugar dos personagens. Os que as estudarem devem ser surpreendidos pela voz tonitruante do nosso Senhor nos confrontando e nos instigando a uma tomada de decisão, isto é, somos instados a uma mudança de vida radical e a pratica diária do verdadeiro discipulado. Como na Parábola dos Edificadores da Torre em Lc 14: 28-30, 33, que diz: Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para concluí-la?Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar... Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo. O que Jesus está dizendo aos seus ouvintes é que o verdadeiro cristianismo custa um preço, e a sabedoria sugere que antes de entramos nos caminhos do Senhor, devemos avaliar se temos condições de assumir tamanha responsabilidade. E não importando o custo, ele deve ser seguido, pois ele é o único caminho para que nossos projetos possam estar bem alicerçados, tanto agora quanto na eternidade. O amor a todas as coisas, e até a nós mesmo, bem como aos nossos parentes, devem estar subordinadas a Aquele que deve e tem o direito de ter a primazia em tudo. A lealdade a Cristo deve estar acima de qualquer amor terreno, por mais fino, nobre ou alto que seja. Por que no se o próprio Jesus deixou sua morada e a gloria de seu Pai para estar conosco e construir uma torre inabalável que é sua Igreja, cujos planos foram calculados desde a eternidade. E que tal construção pôde resistir até mesmo contra as portas do inferno que não puderam contra ela prevalecer; e que o preço gigantesco pago por Cristo foi à sua humilhação voluntária até ao extremo da morte e morte de cruz; tal foi o preço estabelecido por Deus que Jesus assumiu sobre si mesmo a semelhança de nossa carne, por que, quando Ele veio, foi como o Cordeiro de Deus, puro, imaculado e inocente; portanto, o caminho do verdadeiro cristianismo, do verdadeiro discipulado é que possamos ver em nós as marcas de seu sangue, para que o sigamos como Ele seguiu o Pai. Jesus sabia de sua tarefa, Ele sabia do preço, e Ele cumpriu triunfante quando clamou "está consumado!", e ao orar ao Pai antecipadamente pela vitória "concluir a obra que me deste para fazer" (Jo 17:4), era como Ele estivesse dizendo: "Eu sei para onde estou indo, a tarefa é árdua, tem demônios, homens que desejam meu mal, o mundo se opõe contra mim; mas eu vencerei, pois Tu meu Pai me desta condição para tal tarefa". Deus nos deu plenas condições para o seguimos.
Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8:12). Jesus usou as parábolas para anunciar a nós a salvação e comunicar as verdades divinas aos seus discípulos de uma maneira clara, simples e direta. Jesus Cristo foi enviado para proclamar a redenção dos homens que estão caídos e permanecem em seus pecados. Jesus escondia esta mensagem dos que se recusavam a ouvi-lo e dos que não se arrependiam de seus pecados, entretanto, revelava de uma forma maravilhosa os ministérios do Reino para os seus pequeninos, os discípulos, e para todos aqueles que cressem em Seu nome.
Devemos lembrar que, quando um ensino espiritual é transmitido e rejeitado, o rejeitador torna-se mais calejado do que antes, embora com cada vez menos desculpa tenha para de suas atitudes anticristãs. Deixa de compreender a Cristo é deixa de compreender seus ditames e verdades eternas. Jesus veio para salvar os que se encontram perdido, mas para tanto se torna necessário estar disposto a ouvir e praticar aquilo que está sendo revelada a luz da iluminação do Espírito Santo em nossos corações. "Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureça os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto. Onde vossos pais me tentaram me provaram, E viram por quarenta anos as minhas obras. Por isso me indignei contra esta geração, E disse: Estes sempre erram em seu coração, E não conheceram os meus caminhos. Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso. Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim (Hb 3:7-14)".




rede




5.      A parábola da rede

Mateus 13:47-50 “Igualmente, o Reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora. Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes.”

Essa parábola da rede nos faz refletir o quanto ainda tem de fazer em favor do reino de Deus aqui nesse mundo. Lançamos a rede, no caso a palavra de Deus, e quem a aceita em seu coração ou vindo à voz do Senhor, o aceitando como seu único e suficiente Salvador, este estará com Ele nos céus.

Estar no centro da vontade de Deus, fazer a sua obra e guardar seus mandamentos é estar em conformidade para estarmos aptos a irmos para a eternidade com Jesus Cristo. Mas isso é um processo diário que devemos ser e refletir o caráter de Cristo, ser semelhantes a Ele. Sei que às vezes é muito difícil seguir esse caminho no qual a própria palavra diz que é “estreito” porque vamos sempre contra o que este mundo e seu sistema impõem: tudo que é contrário a palavra de Deus.

Que possamos estar atentos todos os dias a voz de Deus, que possamos ter sempre sede da boa palavra ministrada por um servo de Deus, que seu Espírito Santo esteja sempre presente em nossas vidas e que possamos fazer sempre a vontade de Deus. A realidade está aí e temos de enfrentá-la e buscar sempre fazer o melhor em tudo para Deus mesmo apesar dos nossos erros e nossas falhas.

Lembrem-se, somos os que são colocados nos cestos, não somos os que serão lançados na fornalha porque somos o melhor de Deus porque fomos criados por Deus, fomos remidos na cruz do calvário pelo sangue de Jesus Cristo, temos a certeza da salvação porque cremos no sacrifício feito por Cristo na cruz do calvário. Somos toda uma família em
Cristo.

7. A Parábola da rede (MT. 13:47-50)

I – PANO DE FUNDO HISTÓRICO      

A maior parte dos discípulos de Jesus era formado de pescadores por profissão; tinham deixado suas redes e seus barcos para seguir Jesus e se tornarem pescadores de homens. Quando Jesus lhes falou a parábola da rede, compreenderam cada tonalidade de suas palavras. Jesus se referiu ao modo de vida que eles levavam antes.
A margem norte do Mar da Galileia é um dos melhores lugares de pesca, em Israel. As plantas arrastadas pela correnteza do rio Jordão são depositadas na enseada, ao norte. Essas plantas atraem e alimentam cardumes vastos e variados.
Embora houvesse várias maneiras de pescar, nos dias de Jesus, um dos mais eficientes era o uso do arrastão. Esse tipo de rede tinha dois metros de largura e perto de cem metros de comprimento. Tinha cortiça na parte superior para mantê-la à tona e pesos na parte inferior, para mantê-la ao fundo. Às vezes, os pescadores fixavam uma das extremidades da rede na praia, enquanto um barco puxava a outra ponta pelo lago, fazendo uma curva e trazendo a rede de volta à praia. Outras vezes, saíam dois barcos da praia, formando um semicírculo com a rede; juntos, os homens a puxavam para apanhar os peixes e juntá-los nos barcos. O uso de arrastão exigia a força de seis homens ou mais. Enquanto uns remavam, outros lançavam ou puxavam a rede e outros ainda batiam na água para guiar os peixes para a rede.
Pescadores experimentados procuravam localizar um bom cardume antes de começar a pescar. Mas, uma vez lançada a rede, os homens puxavam todos os peixes apanhados por ela. Obviamente, os peixes estavam misturados, pois não podiam selecioná-los, enquanto pescavam.
A rede apanhava os peixes próprios e impróprios para o consumo – os bons e os maus. Peixes de todos os tipos e tamanhos se debatiam ao serem puxados para a praia. Muitas espécies eram consideradas impuras para os judeus, peixes sem barbatana e sem escamas não podiam ser consumidos (Lv.11:9-12; Dt.14:9-10), e tinham que ser lançados de volta à água. Os peixes pequenos, também, eram abandonados. Somente os peixes em condição de serem negociados eram apanhados e colocados em recipientes adequados. A classificação dos peixes, enfim, determinava o valor da pesca; até à hora da escolha, era impossível avaliar o lucro obtido.

II – EXPLICAÇÃO DA PARÁBOLA

a) Jesus usa a parábola da rede para descrever o dia do juízo. (Os que serão escolhidos e separados são peixes pescados)
b) Jesus explica que a competência da pesca é dos discípulos, e se pode usar diversas formas na pescaria

c) Adverte aos seus discípulos que assim como eles selecionaram peixes bons e ruins, assim será também na consumação dos século: Sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes (Mt.13:49-50)
d) As palavras utilizadas por Jesus sobre o juízo na explicação da parábola (vss. 49-50) é a mesma que foi utilizada na parábola do trigo e do joio
Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século. Mandará o Filho do homem os seus anjos que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes’’ (Mt.13:40-42)

(Mt.13)
v.48 - “E, estando cheia, a puxam para a praia e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora.
v.49 - Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos.
v.50 - É lancá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes.

III – SIMILARIDADE ENTRE A PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO E A DA REDE

a) Ambas mostram o bom e o mau lado a lado no princípio e separado no futuro
b) Ambas foram explicadas por Jesus nessas palavras: “assim será na consumação dos séculos...”
c) Ambas dizem respeito ao trabalho dos anjos que separam os ímpios dos justos.
d) Ambas registram a condenação do ímpio e o fogo, onde haverá pranto e ranger de dentes.

IV – DIFERENÇA DA PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO COM A DA REDE

a) Na parábola do joio e do trigo, a cena aparece na terra
b) Na parábola da rede a cena é o mar, mas em ambos os casos o mundo esta envolvido.

V – EXPLICANDO PALAVRAS CHAVES DA PARÁBOLA (rede, mar, pescadores, peixes e anjos)

1 -REDE - Este termo utilizado por Jesus denota uma rede grande, larga, pesada como chumbo, feita para varrer o fundo do mar e trazer à tona peixes de todos os tipos e em grandes quantidades.

a) Rede aqui tem o símbolo de proclamação do evangelho; o evangelho funciona como uma rede – (Jo.19:6; Sl.66:11; Ec.9:12)
• Pregar o evangelho é lançar as redes em todo o mundo – (Mc.16:15-18)
• Curar os peixes e tornar eles bons faz parte do tratamento do pescador

-( Sl.107: 20) - Enviou a sua palavra, e os [sarou], e os livrou da destruição.

(Mt.10: 1) - E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes [autoridade] sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades.
(Lc.9: 1) - Reunindo os doze, deu-lhes poder e [autoridade] Sobre todos os demônios, e para curarem doenças;

(Lc.10: 19) - Eis que vos dei [autoridade] para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum.

• A bíblia nos ensina a não se preocupar no momento de haver resistência dos peixes – (Lc.12:11-12; 2Co.10:8; 13:10;)

• A rede tem o papel de ajuntar, congregar todos os peixes que foram arrastados pelo evangelho – (Is.40:11; Jo.11:51-52)

(Ap.5: 9) - E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação;

2 – O MAR - O mar nessa parábola representa toda a massa caída da humanidade.

(Is.57: 20 ) - Mas os ímpios são como o mar agitado; pois não pode estar quieto, e as suas águas lançam de si lama e lodo.
21 Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.

(Sl.68:22 ) – Disse o Senhor: Eu os farei voltar de Basã; farei voltar o meu povo das profundezas do mar;

a) OS CAMINHOS DO SENHOR VAI ATÉ PELO MAR
(Sl.77:19) - 19 Pelo [mar] foi teu caminho, e tuas veredas pelas grandes águas; e as tuas pegadas não foram conhecidas.

(SL.80: 11) - Ela estendeu a sua ramagem até o [mar], e os seus rebentos até o Rio.

b) FOMOS TIRADOS DAS ÁGUAS

(Gn.1: 2) – E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas

 Na face do abismo havia águas e sobre as águas o Espírito de Deus
à se movia. Note que o Espírito de movia sobre e não dentro. Quem entra na água é a rede (evangelho, palavra). Quando o discípulo (pescador) lança a rede (evangelho), traz com ele o peixe.

 O batismo é nas águas – isso nos
à prova que fomos tirados dela. Note que o peixe é que é mergulhado, como símbolo de morte e ressurreição.
(Cl.1:13) – Ele nos transportou da potestade das trevas para o reino do Filho do seu amor

3 – OS PESCADORES – Os discípulos compreenderam plenamente o que Jesus estava dizendo nesta parábola. Quando Ele os encontrou disse: “Fá-lo-ei pescadores de homens...”

a) Os ganhadores de almas são os pescadores de Deus - .(Mt.4:19; Mc.1:17)

(Lc.5: 10) - bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.

b) Na graça operacional de Deus, Ele não opera sozinho. Ao mesmo tempo em que é verdade que Cristo por si só pode salvar as almas, contudo Ele nunca nunca o faz sozinho. –
(1Co.3: 9) - Porque nós somos [cooperadores] de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.

(2Co.1: 24) - não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas somos [cooperadores] de vosso gozo; pois pela fé estais firmados.

(Fp.4: 3) - E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros meus [cooperadores], cujos nomes estão no livro da vida.

(3Jo.1: 8) - Portanto aos tais devemos acolher, para que sejamos [cooperadores] da verdade.

• Jesus ao alimentar os famintos não deu o pão a multidão diretamente de suas mãos – (Mt.14:13-21) – A nossa parte é darmos o que temos

c) O pescador tem a habilidade de detectar o bom peixe, porém essa separação é para o ministério da edificação e não para juízo –

• (At.13 separação pelo espírito em conexão com o homem)
• (Tt.1:5) – Tito foi designado para constituir presbíteros em cada cidade
 O cuidado que o pescador deve ter é para não escolher peixe
à- ruim
• (1Tm.4:14) – Paulo exorta a Timóteo despertar o dom que há nele que foi dado pela imposição de suas mãos.

4 – O PEIXE – A parábola diz que os peixes eram de todos os tipos, bons e ruins.

a) Os pescadores não poderiam avaliar o tipo do peixe contido na rede ao puxá-la –
• Aqui aprendemos que quando se pesca não se escolhe, o que vier é peixe.

• Embora alguns grupos na atualidade direcionam as suas redes para determinadas classes de peixes, estão demonstrando que fazem acepção de pessoas, que foi condenada por Jesus –

(At.10: 34) - Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz [acepção] de pessoas;

(Rm.2: 11) - pois para com Deus não há [acepção] de pessoas.

(Ef.6: 9 E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor tanto deles como vosso está no céu, e que para com ele não há [acepção] de pessoas.

(Tg.2: 1) - Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em [acepção] de pessoas.
(Tg.2: 2) - Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com [traje] esplêndido, e entrar também algum pobre com [traje] sórdido.

(Tg.2: 9) - Mas se fazeis [acepção] de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores.

b) O peixe bom esta junto com o ruim – A mistura de salvos e perdidos dentro do cristianismo professo faz com que aqueles que buscam encontrar uma Igreja visível perfeita sejam levados a um grande desapontamento.
• Dentro do discipulado de Jesus havia um peixe endemoninhado
• Esaú e Jacó ainda lutam dentro da Igreja, ou seja , O espiritual e o carnal.
• Nem todos que são de Israel são israelitas – (Rm.9:6)
• Pertencer a uma Igreja visível não quer dizer que o seu nome esteja no rol da Igreja Invisível, arrolada nos céus.
• As pessoas podem ser religiosas, contudo não regeneradas, batizadas , porém jamais foram lavadas pelo sangue de Cristo

c) Nesta pescaria só há dois tipos de peixe – O bom e o ruim, se não formos o bom peixe de Deus, seremos o ruim peixe de satanás.
• Os bons podem ser comercializados – são os que pertencem a Deus e praticam o bem
• Por ruins são os que não serviam como alimentos, sem valor.

4 – ANJOS – Através de toda essa dispensação da graça, o Espírito Santo opera ativamente na formação da verdadeira Igreja, e os que lhe pertencem, como pescadores, ocupam-se da rede do evangelho. Mas no encerramento dessas dispensação, que terá o seu término no retorno de Cristo para receber os que são seus, ele tomará para si todos os peixes bons, e deixará para trás todos os peixes ruins. E quando Cristo aparecer na terra como seu justo Senhor e Rei, um ministério angelical entrará em vigor e a ação acontecerá deforma totalmente inversa. Em vez de o bom ser tomado e o mal deixado, o imundo será removido e o justo deixado, para que usufrua do prazer do reino milenar do Senhor.

a) Os anjos não cometerão enganos ao distinguir entre os bons e os maus. Eles não olharão a classe social, nem a cor, nem a aparência, se o peixe não for de Deus, não serão recolhidos para o reino de Deus. - (Mt.13:41,43; Dn.12:3)

b) Vejamos algumas parábolas que falam sobre separação:

• Na parábola do joio, a separação é entre trigo e o joio;
• Na parábola da rede, a separação é entre peixes bons e ruins;
• Na parábola das bodas, a separação é dos convidados que tinham as vestes núpcias;
• Na parábola do servo, a separação é entre servos bons e maus;
• Na parábola das dez virgens, a separação é entre virgens sábias e tolas;
• Na parábola dos talentos, a separação é entre os servos dedicados e os negligentes;
• Na parábola das ovelhas e dos bodes, a separação é entre os dois tipos de animais.





8. Parábola do GRÃO DE MOSTARDA...

“Jesus propôs-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. É a menor de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se numa árvore, a ponto de vir às aves de o céu abrigar-se nos seus ramos.” (Mateus, 13; 31-33).

Primeiramente, a Parábola do Grão de Mostarda, apresenta-se muito reduzida no tamanho, contudo podemos retirar ensinamentos de grande relevância.
Nesta parábola, o Reino do Céu é comparado aos fenômenos do crescimento e da expansão. O grão de mostarda, tomado como símbolo na parábola, é, de fato, uma semente minúscula; mas, uma vez lançada à terra, passa um dia, passam dois, três dias e parece que nada acontece. No entanto, se abrirmos a terra iremos encontrar a semente apodrecida, e pensamos “terminou”, mas para que nasça nova vida é preciso que a semente seja enterrada e que apodreça e então, de onde parece que não há mais esperança, rebenta uma nova planta com nova vida, para produzir muitos frutos. Esta nova planta desenvolve-se mais e mais, até que produz a planta de onde proveio, tornando-se a maior de todas as árvores, em cujos ramos se vêm abrigar aves do céu fazendo aí os seus ninhos. Ou seja, o Reino de Deus é comparado com o que acontece com uma semente plantada. É algo que teve um início tão pequeno, tão humilde, mas será mais tarde glorificado.
Por vezes, a indiferença religiosa ou até mesmo outras razões, fazem com que a implantação do Reino do Céu na alma humana seja demorada, tal como a germinação da semente. Mas, a constância do aumento dos nossos horizontes do conhecimento, através do estudo e da pesquisa, implica que adquiramos uma fé viva e inabalável. Assim, tornamo-nos como uma árvore que abriga nos seus ramos as aves do céu que a procuram para repousar, ou seja, tornamo-nos apoio para todos os Homens que procuram refúgio perto de nós.

A parábola parece chamar mais a atenção para a pequenez do começo do reino do que para a grandeza do seu fim.


9. A parábola do bom samaritano

             

O segundo domingo de junho é considerado
"o dia do pastor". É um dia que precisa ser lembrado por todas as igrejas.
 Por isso, nesta oportunidade, gostaria de parabenizar a todos os pastores da IPRB e suas famílias e convidá-los a refletir sobre esta palavra.
 
O ministério não é uma questão de escolha ou opção própria, mas uma questão de vocação. Deus chama homens para o seu trabalho. Ou seja: ele é quem separa homens e mulheres para uma obra específica. A propósito disso, a Bíblia testifica esta verdade, quando diz que Deus chamou Moisés para libertar o povo de Israel da escravidão egípcia; Josué para suceder Moisés; Gideão para libertar Israel do jugo dos Midianitas e Eliseu para assumir o ministério profético no lugar do profeta Elias.
O Deus que chama é o que capacita que dá os recursos e que se responsabiliza por seus próprios atos: Se nos preocuparmos com a profundidade de nosso ministério, quer dizer, com a seriedade, a responsabilidade, etc., Deus cuidará de sua largura, ou seus  resultados e sucesso.
A parábola do Bom Samaritano (Lucas 10: 25-37) destaca a verdade de que compaixão, sensibilidade e cuidado são fatores intrínsecos à vida ministerial. Diz o texto que um homem está indo de Jerusalém para Jericó. É atacado por alguns salteadores. Roubam seu dinheiro, batem nele e o deixam à beira do caminho, meio morto. Enquanto permanece caído, três homens passam por esse mesmo caminho. A atitude de cada um pode ser vista como prova do grau de sua compaixão.
Dos três, dois deles passaram de largo. Tanto o sacerdote com o levita não pararam nem se envolveram com a situação. Deixaram-no como estava. Todavia, o bom samaritano parou, cuidou dos ferimentos da vítima. Levou o homem para uma hospedaria e cuidou dele, v. 34. Além disso, comprometeram-se em pagar tudo que fosse preciso quando voltasse vv. 34, 35.
Essa parábola tem tudo a ver com o contexto ministerial ou pastoral, porque pastorear consiste em cuidar, arrebanhar, estar pronto a buscar e curar a ovelha desgarrada. Esse texto bíblico apresenta o quadro de três homens que, dentro do processo da alegoria, tipifica-ria três tipos de ministério. Vejamos:
Ministério casual, v. 31
Embora Jericó ficasse a apenas 27 km de Jerusalém, a estrada escarpada e traiçoeira apresentava uma descida de cerca de 900 m. O sacerdote não queria se arriscar a perder sua pureza cerimonial, tocando num homem que podia estar morto, incorrendo na contaminação que a lei proibia Lv 21: 1 ss.
Quando o texto diz que casualmente passava pelo mesmo caminho um sacerdote, isso deixa claro que ele não estava disposto para esse momento. Era um sacerdote, mas uma autoridade que não queria se comprometer com o próximo. Ele passou de largo - ou direto. Nem tomou conhecimento se o homem que se encontrava caído estava realmente morto.
Do ponto de vista religioso, as pessoas mais interessadas pelas questões religiosas deveriam ser as mais prontas para mostrar qualidades humanitárias. Até mesmo exemplos modernos mostram que, com freqüência, essa é uma suposição falsa, como esta narrativa tenciona ilustrar.
O sacerdote, que deveria mostrar-se mais humanitário e mais simpático para com o sofrimento humano, tornou-se egoísta, passando de largo. É um perigo muito grande exercer o pastorado por casualidade ou uma mera circunstância. Ser pastor por mera casualidade pode levar a algumas reações:
a) a pessoa torna-se egoísta e não tem tempo pra ninguém. À semelhança do sacerdote, está sempre com pressa;
b) não existe amor ao próximo - não sente a sua dor e está sempre ocupado consigo mesmo;
c) à semelhança do sacerdote, vive sempre à distância, porque não quer compromisso com as situações alheias.
O verdadeiro pastor não pode ser dirigido pelas casualidades da vida, mas pelo Espírito Santo.
Ministério indiferente, v. 32
“Semelhantemente, descia por aquele lugar um levita, que procedeu do mesmo jeito: vendo o ferido, passou de largo”. Quer dizer: não fez nada pelo homem necessitado. Para ele era indiferente. Não se preocupou nem se interessou pelo próximo caído na estrada.

É sempre assim: a indiferença é marcada pela atitude do outro: se fulano não fez nada, por que é que eu vou fazer? Do ponto de vista religioso, segundo os ensinos de Jesus, tanto o sacerdote como os levitas erraram em seus procedimentos. Talvez não quisessem comprometer a pureza cerimonial, tocando em um homem que poderia estar morto.
O texto é claro em dizer que eles passaram de largo. Nem se interessaram em chegar perto para constatar a verdade.
Jesus não agiu assim ao passar por Samaria e dialogar por um longo período com uma mulher, Jo 4. Havia, pelo menos, três obstáculos que a impediam de falar com Jesus:
Era mulher;
Era samaritana - os judeus não se comunicavam com os samaritanos;
Tinha uma vida moral irregular.
Mas Jesus não se mostrou indiferente. A mulher samaritana foi alcançada pelo poder da Palavra.
Todos sabem que vencer os obstáculos constantes do ministério é um grande desafio para cada pastor. Eles são inúmeros e constantes e, às vezes, insinuam as indiferenças. Mas, com a graça de Deus, podemos vencê-los e prosseguirmos vitoriosos.
Ministério diferenciado, v. 33
Certamente, os ouvintes de Jesus esperavam que no enredo dessa história, após o sacerdote e o levita passarem de largo, viria um israelita, leigo. Mas foi um samaritano, que ia de viagem, o que nos leva a crer que era um homem ocupado e compromissado. Ele fez a diferença para com o seu o próximo.
Como judeus e samaritanos eram inimigos, os ouvintes de Jesus devem ter ficado surpresos pelo fato de ele ter escolhido logo um samaritano para ser o herói da história. O sacerdote e o levita não demonstraram nenhum indício de compaixão e amor ao próximo. Estavam presos às circunstâncias e dogmas religiosos.
A sociedade precisa de cristãos, de obreiros e pastores que façam a diferença em meio aos problemas desta vida. A obra precisa de pastores que estejam à disposição do Reino. Homens e mulheres que façam a obra de Deus movida pela força da vontade divina.
O pastor diferenciado é aquele que sabe o quer que saiba aonde quer chegar, quando chegar e o que fazer para atingir o objetivo.  Rick Warren, em seu livro Uma Igreja com Propósito, afirma o seguinte: Os crentes crescem mais rápido quando você dá uma trilha na qual eles podem crescer.
Isso equivale a dizer que o pastor, antes de dar o grito de guerra, tem de preparar o caminho. A Igreja precisa ser a cara do pastor! Para isto, ele é conhecido, pelo menos, por três aspectos:
a) Sua vida de fé em Deus: Se tudo que acontece em seu ministério é previsível, você não precisa de fé.
b) Sua vida de intimidade com Deus. Spurgeon ensinava a seus alunos: Nunca devemos ver a face do povo, antes de ver a face de Deus.
c) Sua vida de consagração a Deus: Santifica-os na verdade, a tua Palavra é a verdade, Jo 17: 17.
É esse tipo de obreiro ou líder que faz a diferença e que a igreja procura. É esse tipo de pastor que o mundo quer ver. Portanto, qualquer que seja o desafio, a proposta ou o insulto, seja um pastor, uma missionária ou um cristão que promova a diferença.
Por fim, gostaria de concluir com as palavras abaixo, no desejo de que o ministério de cada pastor ou pastor auxiliar na IPRB seja frutífero e confirmado a cada dia por Deus com sinais e maravilhas:
a natureza do ministério é o serviço;
o fundamento do ministério é a vida (personalidade);
o motivo do ministério é o amor;
a medida do ministério é o sacrifício;
a autoridade do ministério é a submissão;
o propósito do ministério é a glória de Deus;
as ferramentas do ministério são a Palavra de Deus e a oração;
o privilégio do ministério é o crescimento;
o poder do ministério é o Espírito Santo;
E o modelo do ministério é a pessoa de Jesus Cristo.
Que Deus abençoe a todos neste dia do pastor!













10. A parábola do bom samaritano



 
O ministério não é uma questão de escolha ou opção própria, mas uma questão de vocação. Deus chama homens para o seu trabalho. Ou seja: ele é quem separa homens e mulheres para uma obra específica. A propósito disso, a Bíblia testifica esta verdade, quando diz que Deus chamou Moisés para libertar o povo de Israel da escravidão egípcia; Josué para suceder Moisés; Gideão para libertar Israel do jugo dos Midianitas e Eliseu para assumir o ministério profético no lugar do profeta Elias.
O Deus que chama é o que capacita que dá os recursos e que se responsabiliza por seus próprios atos: “Se nos preocuparmos com a profundidade de nosso ministério, quer dizer, com a seriedade, a responsabilidade, etc., Deus cuidará de sua largura, ou seus  resultados e sucesso”.
A parábola do Bom Samaritano (Lucas 10: 25-37) destaca a verdade de que compaixão, sensibilidade e cuidado são fatores intrínsecos à vida ministerial. Diz o texto que um homem está indo de Jerusalém para Jericó. É atacado por alguns salteadores. Roubam seu dinheiro, batem nele e o deixam à beira do caminho, “meio morto”. Enquanto permanece caído, três homens passam por esse mesmo caminho. A atitude de cada um pode ser vista como prova do grau de sua compaixão.
Dos três, dois deles passaram de largo. Tanto o sacerdote com o levita não pararam nem se envolveram com a situação. Deixaram-no como estava. Todavia, o bom samaritano parou, cuidou dos ferimentos da vítima. Levou o homem para uma hospedaria e cuidou dele, v. 34. Além disso, comprometeram-se em pagar tudo que fosse preciso quando voltasse vv. 34, 35.
Essa parábola tem tudo a ver com o contexto ministerial ou pastoral, porque pastorear consiste em cuidar, arrebanhar, estar pronto a buscar e curar a ovelha desgarrada. Esse texto bíblico apresenta o quadro de três homens que, dentro do processo da alegoria, tipifica-ria três tipos de ministério. Vejamos:
Ministério casual, v. 31
Embora Jericó ficasse a apenas 27 km de Jerusalém, a estrada escarpada e traiçoeira apresentava uma descida de cerca de 900 m. O sacerdote não queria se arriscar a perder sua pureza cerimonial, tocando num homem que podia estar morto, incorrendo na contaminação que a lei proibia Lv 21: 1 ss.
Quando o texto diz que “casualmente” passava pelo mesmo caminho um sacerdote, isso deixa claro que ele não estava disposto para esse momento. Era um sacerdote, mas uma autoridade que não queria se comprometer com o próximo. Ele passou de largo - ou direto. Nem tomou conhecimento se o homem que se encontrava caído estava realmente morto.
Do ponto de vista religioso, as pessoas mais interessadas pelas questões religiosas deveriam ser as mais prontas para mostrar qualidades humanitárias. Até mesmo exemplos modernos mostram que, com freqüência, essa é uma suposição falsa, como esta narrativa tenciona ilustrar.
O sacerdote, que deveria mostrar-se mais humanitário e mais simpático para com o sofrimento humano, tornou-se egoísta, passando de largo. É um perigo muito grande exercer o pastorado por casualidade ou uma mera circunstância. Ser pastor por mera casualidade pode levar a algumas reações:
a) a pessoa torna-se egoísta e não tem tempo pra ninguém. À semelhança do sacerdote, está sempre com pressa;
b) não existe amor ao próximo - não sente a sua dor e está sempre ocupado consigo mesmo;
c) à semelhança do sacerdote, vive sempre à distância, porque não quer compromisso com as situações alheias.
O verdadeiro pastor não pode ser dirigido pelas casualidades da vida, mas pelo Espírito Santo.
Ministério indiferente, v. 32
Semelhantemente, descia por aquele lugar um levita, que procedeu do mesmo jeito: “vendo o ferido, passou de largo”. Quer dizer: não fez nada pelo homem necessitado. Para ele era indiferente. Não se preocupou nem se interessou pelo próximo caído na estrada.
É sempre assim: a indiferença é marcada pela atitude do outro: se fulano não fez nada, por que é que eu vou fazer? Do ponto de vista religioso, segundo os ensinos de Jesus, tanto o sacerdote como o levita erraram em seus procedimentos. Talvez não quisessem comprometer a pureza cerimonial, tocando em um homem que poderia estar morto.
O texto é claro em dizer que eles passaram de largo. Nem se interessaram em chegar perto para constatar a verdade.
Jesus não agiu assim ao passar por Samaria e dialogar por um longo período com uma mulher, Jo 4. Havia, pelo menos, três obstáculos que a impediam de falar com Jesus:
Era mulher;
Era samaritana - os judeus não se comunicavam com os samaritanos;
Tinha uma vida moral irregular.
Mas Jesus não se mostrou indiferente. A mulher samaritana foi alcançada pelo poder da Palavra.
Todos sabem que vencer os obstáculos constantes do ministério é um grande desafio para cada pastor. Eles são inúmeros e constantes e, às vezes, insinuam as indiferenças. Mas, com a graça de Deus, podemos vencê-los e prosseguirmos vitoriosos.
Ministério diferenciado, v. 33
Certamente, os ouvintes de Jesus esperavam que no enredo dessa história, após o sacerdote e o levita passarem de largo, viria um israelita, leigo. Mas foi um samaritano, que ia de viagem, o que nos leva a crer que era um homem ocupado e compromissado. Ele fez a diferença para com o seu o próximo.
Como judeus e samaritanos eram inimigos, os ouvintes de Jesus devem ter ficado surpresos pelo fato de ele ter escolhido logo um samaritano para ser o herói da história. O sacerdote e o levita não demonstraram nenhum indício de compaixão e amor ao próximo. Estavam presos às circunstâncias e dogmas religiosos.
A sociedade precisa de cristãos, de obreiros e pastores que façam a diferença em meio aos problemas desta vida. A obra precisa de pastores que estejam à disposição do Reino. Homens e mulheres que façam a obra de Deus movido pela força da vontade divina.
O pastor diferenciado é aquele que sabe o quer que saiba aonde quer chegar, quando chegar e o que fazer para atingir o objetivo.  Rick Warren, em seu livro Uma Igreja com Propósito, afirma o seguinte: “Os crentes crescem mais rápido quando você dá uma trilha na qual eles podem crescer”.
Isso equivale a dizer que o pastor, antes de dar o grito de guerra, tem de preparar o caminho. A Igreja precisa ser a cara do pastor! Para isto, ele é conhecido, pelo menos, por três aspectos:
a) Sua vida de fé em Deus: “Se tudo que acontece em seu ministério é previsível, você não precisa de fé”.
b) Sua vida de intimidade com Deus. Spurgeon ensinava a seus alunos: “Nunca devemos ver a face do povo, antes de ver a face de Deus”.
c) Sua vida de consagração a Deus: “Santifica-os na verdade, a tua Palavra é a verdade”, Jo 17: 17.
É esse tipo de obreiro ou líder que faz a diferença e que a igreja procura. É esse tipo de pastor que o mundo quer ver. Portanto, qualquer que seja o desafio, a proposta ou o insulto, seja um pastor, uma missionária ou um cristão que promova a diferença.
Por fim, gostaria de concluir com as palavras abaixo, no desejo de que o ministério de cada pastor ou pastor auxiliar na IPRB seja frutífero e confirmado a cada dia por Deus com sinais e maravilhas:
a natureza do ministério é o serviço;
o fundamento do ministério é a vida (personalidade);
o motivo do ministério é o amor;
a medida do ministério é o sacrifício;
a autoridade do ministério é a submissão;
o propósito do ministério é a glória de Deus;
as ferramentas do ministério são a Palavra de Deus e a oração;
o privilégio do ministério é o crescimento;
o poder do ministério é o Espírito Santo;
E o modelo do ministério é a pessoa de Jesus Cristo.
Que Deus abençoe a todos neste dia do pastor!



EXPLICAÇÃO DE ALGUMAS PARÁBOLAS
Sugere-se a leitura prévia dos textos indicados,
A fim de ser mais bem compreendida a explicação.
           
1. A parábola da pecadora (Lc 7,36-50).
Esta parábola é dirigida aos fariseus, na pessoa de Simão. E ainda na pessoa deste, a todas as pessoas maliciosas. Qual a compreensão desta parábola (isto é, o seu sentido)?
Conclui-se pela pergunta feita a Simão: "Qual deles mais o amará?" e a resposta: "A quem mais foi perdoado". Ou seja, o perdão precede o amor.
(Outras parábolas deste mesmo grupo, com a mesma lição: a Samaritana, a Mulher adúltera, Zaqueu, os trabalhadores da vinha, publicano e o fariseu).
2. O Fariseu e o Publicano (Lc 18, 9-l4)
Hoje a história narrada nesta parábola já perdeu mais a sua força. Mas era um escândalo naquela época, pois o tipo de oração que todo fariseu fazia era aquele. O caso do jejum, por exemplo, só era obrigatório uma vez por ano, mas o fariseu fazia com maior freqüência; o dízimo era pago pelo produtor e não pelo comprador; todavia, o fariseu tinha escrúpulo de que o vendedor não tivesse pagado, e na dúvida, pagava por ele.
 A oração do publicano era pobre e sem sentido para o judeu, no entanto foi a que mais agradou a Deus. Isto era um verdadeiro contra-senso para eles. O ensinamento, pois, aqui é o seguinte: Deus ajuda a quem tem mais necessidade e é humilde, tem consciência disso. O reino dos céus é para os que precisam não para os que são auto-suficientes e acham que já têm tudo.
3. Zaqueu (Lc 19, 1-10)
Para entender esta parábola, é necessário saber que perante os judeus, havia duas classes de pecadores:
a) pecadores morais - aqueles desobedientes da lei, os transgressores da lei;
b) pecadores por condição - aqueles que exerciam profissões consideradas impuras, como a de pastor, publicano, cobrador, que eram ipso facto considerados pecadores.
 Estes não eram admitidos como testemunhas na justiça nem exerciam os cargos políticos. O fato de JC ir à casa de Zaqueu é uma atitude contra este preconceito. O próprio Zaqueu admirou-se disso.
4. Filho pródigo (Lc 15, 11-32)
O filho que se revoltou contra o irmão irresponsável era o retrato dos fariseus. Eles se julgavam merecedores de todos os favores divinos, porque se consideravam justos e bons, sempre obedecia à lei. O pródigo era o caso dos publicanos, os cobradores, os que eram considerados deserdados por Deus.
 Esta parábola é dirigida contra aqueles que se acham merecedores das bênçãos e desprezam os outros, por achar que eles não merecem.
 Assim neste mesmo sentido são as parábolas da ovelha perdida (Lc 15, 4-7) e da dracma perdida (Lc 15, 8-10) e a da grande ceia (Lc 14, 16-24).
5. Parábola da Vinha (Mt 20,1-16)
Os fariseus, simbolizados pelos que trabalhavam na vinha desde o começo do dia, achavam que deviam receber uma recompensa maior de Deus do que os publicanos, representados pelos que tinham começado a trabalhar nas últimas horas do dia. Mas a recompensa fora igual para todos. Os fariseus se revoltaram, porque se consideravam os únicos merecedores.
Podemos notar que todas estas parábolas formam um grupo que contém uma mensagem no mesmo sentido: todas têm como ensinamento central "Cristo, salvador dos pecadores".
Temos outro grupo de parábolas, estas referentes ao Reino de Deus.
1. Parábola do Grão de Mostarda (Mt 13, 31-32 )
A finalidade desta parábola é mostrar através de uma comparação que acontece com o reino de Deus o mesmo que acontece com a semente plantada. É algo que teve um inicio tão pequeno, tão humilde, mas será mais tarde uma apoteose. O importante na parábola é mostrar o contraste entre o início e o fim do processo.
    O modo como Cristo apresenta isto para os judeus é o mesmo usado desde antes, quando sempre a imagem de uma grande árvore significa um grande Reino. As aves de que fala o evangelista não teriam sentido para os judeus. Mas para os pagãos já transmitem um significado de segurança, por isso são acrescentadas por Mateus, que escrevia para povos não judeus.
2. Parábola do fermento (Mt 13, 33)           
Outra parábola deste grupo é a do fermento na massa. O fermento é em si uma coisa má, que corrompe a massa, mas JC dá um sentido novo de favorecer o crescimento da massa, para melhorar a qualidade do pão.
Este outro grupo de parábolas mostra a evolução do reino de Deus, comparando com alguns fenômenos naturais, a fim de tornar este ensinamento mais didático para o povo. Este era, aliás, o objetivo geral de todas as parábolas.

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O Reino do Céu - Qual o Tamanho da Árvore?
No relato de Lucas da parábola do grão de mostarda, Jesus diz que o grão de mostarda "cresceu e fez-se árvore..." (Lucas 13:19). Já observamos que esta parábola ressalta mais o contraste entre semente e árvore do que a imensidão de seu crescimento final. Como A. B. Bruce observou, a parábola parece chamar mais a atenção para a pequenez do começo do reino do que para a grandeza do seu fim. Tão grande árvore como a que possa crescer de um grão de mostarda, ela nunca rivalizará com as verdadeiras árvores que sobressairão acima dela. As parábolas emparelhadas do grão de mostarda e do fermento parecem ser ambas destinadas a ilustrar o crescimento futuro e a influência do reino. Uma fala de seu crescimento extenso e visível, a outra da mudança espiritual intensa. Mas a questão que permanece é se Jesus está olhando para a parábola do grão de mostarda no vitorioso destino final de seu reino ou simplesmente para a crescente e visível influência espiritual do evangelho na História.
Os profetas falaram eloqüentemente do triunfo absoluto e final do reino messiânico. Isaías prevê que "o monte da casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros" (2:2). Daniel diz que o reino se tornará "em grande montanha" e encherá "toda a terra" (2:35) e que o domínio de seu Rei será "domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído" (7:14). Mas a escolha de Jesus da árvore de mostarda para ilustração do futuro do reino parece ser uma metáfora improvável com a qual descrever sua glória final. Parece ter sido escolhida de propósito para ressaltar a grande influência espiritual que o reino de Deus exerceria no mundo e na história, apesar de seu pequeno começo, e ainda não dar a seus discípulos nenhuma visão de glória mundana. Dentro do âmbito da geração deles o evangelho deveria ser "pregado a toda criatura debaixo do céu" (Colossenses 1:23) e tocar os corações dos homens desde Jerusalém "até aos confins da terra" (Atos 1:8). Mas seria a árvore de mostarda concebida para falar do crescimento da igreja até ser uma instituição de tal poder mundano que a sociedade dos homens ímpios tremesse diante dela? Esta visão parece mais afinada com a teologia católica romana ou com as especulações pré-milenares. O que as parábolas precedentes do semeador e do joio já disseram claramente é que o reino do céu é destinado a ser rejeitado pela vasta maioria dos homens e a estar em guerra com os filhos do diabo enquanto o mundo durar. Não há lugar nas parábolas para a igreja de Deus dominar suprema em algum renovado Santo Império Romano ou presidir sobre a absoluta paz e justiça de um milênio terreal. Haverá, sem dúvida, tempos quando o evangelho será mais "oportuno" do que em outros (2 Timóteo 4:2), mas tais tempos de paz e maior "crescimento em número" (Atos 9:31) são provavelmente sempre seguidos por períodos de oposição, retração e apostasia (1 Timóteo 4:1; 2 Timóteo 3:1-5; 4:3-4). Pessoas justas não são nunca destinadas a escapar da perseguição nesta vida (2 Timóteo 3:12).
A parábola do joio nos diz francamente que o tempo de glória final e triunfo para o reino virá "na consumação do século" (Mateus 13:39) quando o Filho do Homem enviar seus anjos, e eles "ajuntarão do seu reino [todos os homens vivos e mortos, Romanos 14:9, PE] todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade" (Mateus 13:41). Será então, e não antes, que ao mesmo tempo os perversos serão lançados na fornalha acesa, e "os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai" (Mateus 13:42-43). Será então que o reino de Deus encherá toda a terra, e o Senhor e seu Ungido, sempre tendo soberania absoluta, porá os reis da terra em completo ridículo e os destroçarão como um vaso de oleiro (Salmo 2).
É o modo de o Senhor operar suas maravilhas por meio das mais humildes pessoas e circunstâncias e assim evidenciar que somente Deus poderia tê-las feito acontecer. Paulo diz do evangelho que "Deus... escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes.... a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus" (1 Coríntios 1:27,29). Assim, parece-me que jamais chegará o dia quando o povo de Deus se encontrará feliz na posição de glória mundana, sem ser corrompido por seu próprio sucesso. É pelas dificuldades que os cristãos são chamados a suportar que o Senhor assegura que somente os retos de coração virão. O Senhor conduziu Israel através de um deserto sem trilhas, sem mais coisa alguma a não ser sua promessa de sustentá-los, de modo que, na necessidade deles, ele pudesse conhecer o que estava em seus corações e eles pudessem saber que o homem não vive somente de pão, mas da palavra de Deus (Deuteronômio 8:2-3). Seremos, provavelmente sempre, um "pequenino rebanho" (Lucas 12:32) enviado pelo Senhor "como ovelhas para o meio de lobos" (Mateus 10:16), de modo que somente nele confiaremos.
Enquanto isso, o reino do céu será sempre uma árvore bastante grande para abrigar cada coração verdadeiramente arrependido que busque refúgio em seu Senhor, e uma árvore suficientemente despida de atrações mundanas para não ter encantos para os comedores de carniça que possam buscar abrigo em seus ramos para suas próprias sombrias e carnais razões.
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12. O GRÃO DE MOSTARDA

"O texto para a mensagem de hoje, queridos, está no Evangelho de S. Mateus, capítulo 13:31 e 32: "Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes, e, crescida, é maior do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos."

Para começar gostaria de apresentar-lhes o momento histórico no qual o Senhor Jesus apresentou a parábola da semente de mostarda. O povo de Israel estava prisioneiro do poder romano e as profecias falavam da libertação do jugo romano. Os judeus esperavam o cumprimento da profecia, esperavam o Reino de Deus, esperavam a vinda do libertador, só que eles tinham um conceito errado de como o libertador apareceria. Eles o esperavam como um guerreiro dirigindo suas hostes militares para derrotar o Império Romano e estabelecer o Reino de Deus nesta terra. Eles esperavam um reino de luxo, de luzes, de glórias terrenas.

Quando o Senhor Jesus apareceu, veio de modo completamente diferente do que eles esperavam. Apareceu como uma criança indefesa. Nasceu numa manjedoura, rejeitado e desprezado pelos homens. Não era esse o tipo de libertador que o povo judeu esperava. Então, esse humilde carpinteiro começou a chamar homens para fundar Seu reino nesta terra. Chamaram pescadores, publicanos, cobradores de impostos e esse grupo de doze homens começou a seguir o Senhor Jesus, temeroso e perguntando-se: "Será que estamos tomando a decisão correta?" "Será que estamos acertando, deixando o nosso trabalho, que é a fonte do nosso sustento, para arriscar o nosso futuro com Alguém que prega o Reino de Deus, mas parece que não vai transformar nada?"

O Senhor Jesus observou a dúvida que martelava o coração dos seus discípulos e então apresentou a parábola da semente de mostarda, querendo dizer que o Reino de Deus pode parecer pequeno no início, mas que crescerá e um dia todas as aves do céu chegarão para fazer seus ninhos nessa árvore. O Senhor Jesus apresenta Seu Reino, muitas vezes, de uma maneira completamente diferente de como os homens esperam que seja. Ele diz, por exemplo, que: "Mas o maior dentre vós será vosso servo." (Mateus 23:11)

Ninguém quer, em nossos dias, ser o menor. Todos querem ser os maiores, mas o Senhor Jesus coloca uma filosofia contrária à filosofia dos homens. "... o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve." (Lucas 22:26)
Em nossos dias, ninguém quer ser servo, mas quem quer participar do Reino de Deus, tem que estar disposto a servir pra poder ser o primeiro.
O Reino de Deus é comparado sempre a coisas pequenas. A morte é vida no Reino de Deus. Aquele que quer encontrar a realização pessoal tem que renunciar a si mesmo. Vivemos em dias quando todo mundo quer tudo para si. Jesus vem e diz: "... Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue..." (Mateus 16:24)
Jesus está dizendo que se você quiser participar do Reino de Deus tem que andar na contramão desta vida. Não combina com a filosofia dos homens. Os homens, para vencer, matam. Cristo para vencer, morre. Os homens para se realizarem, pisam, humilham. Cristo para se realizar, renuncia a Si mesmo. O reino dos homens é feito de luzes, pompa, luxo, poder e forças militares. O Reino de Deus é como a semente de mostarda, pequena, desprezada, rejeitada.
Você quer participar do Reino de Deus? Tem que pedir a Deus que mude sua maneira de pensar. Tem que estar disposto a ser enterrado como o grão de mostarda para renascer, para quebrar a crosta da terra e ressurgir para uma nova vida. Você quer participar do Reino de Deus? Não tenha medo quando as pessoas rirem de você fizer pouco caso ou o ridicularizarem por causa de sua fé. Não tenha vergonha quando o humilharem, quando você, às vezes, tiver que perder o emprego por causa dos princípios que conhece, quando você tiver que ser honesto em meio a um mundo corrupto. Não tenha medo porque o Reino de Deus sempre andará na contramão da vida.
Ao apresentar a parábola da semente de mostarda o Senhor Jesus está falando de três coisas. Primeira: a certeza do Seu reino. Segunda: o crescimento do Seu reino; e terceira: a universalidade do Seu reino.
Quero analisar, em primeiro lugar, a certeza do Seu reino. Em Mateus 12:28, o Senhor Jesus disse: "Se, porém, eu expulso os demônios, pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós."
O que Ele está querendo dizer é que onde Jesus entra, onde Seu Reino se estabelece, as forças do inimigo tremem, o inimigo foge, não pode suportar a presença do Senhor Jesus. Ele é a vida e onde entra a vida, a morte não tem mais lugar. O diabo pode ferir seu corpo, mas não pode ferir sua alma. Pode matar o seu corpo, mas não pode matar a esperança da vida eterna quando Cristo voltar.

O grão de mostarda é o símbolo da certeza do Reino de Deus. Quando a semente é enterrada, passa um dia, passam dois, três dias e parece que nada acontece, parece que tudo acabou. Se porventura você abrir a terra vai encontrar a semente apodrecida, vai pensar: "acabou mesmo." Mas o que você não sabe é: brote nova vida é preciso que essa semente seja enterrada e que apodreça e então, de onde parece que não há mais esperança, brota uma nova planta com nova vida, para produzir muitos frutos. O Senhor Jesus morreu na cruz do Calvário. E quando Ele morreu, o diabo deu a maior gargalhada do mundo. Pensou que tinha vencido: "Morreu, eu O matei!" Mas no terceiro dia, Jesus ressuscitou e estabeleceu para sempre o Seu Reino. Querido, os homens podem destroçar os seus sonhos por um dia, dois dias talvez, mas ao terceiro dia seus sonhos ressuscitarão. Os homens podem humilhá-lo por causa da sua fé, na sexta-feira, no sábado, mas chegará ao domingo e você será glorificado no conceito do Reino de Deus. Os homens podem ferir o seu corpo por um dia, dois dias, mas ao terceiro, você ficará curado. Esta é a promessa da semente da mostarda. E tem algo mais, quando você pensa que a mostarda desapareceu, acabou e que a semente apodreceu, ela lhe dá uma grande surpresa. A planta florece novamente.
Estou pregando para alguém que está orando por seu filho há muito tempo, mas parece que o filho não reage? Não desanime!
Outro dia, num estado brasileiro do Sul, um pastor se aproximou de mim e disse: "Pastor, está vendo aquele velhinho de cabelo branco? Ele orou quarenta e cinco anos por seu filho, três vezes por dia. De manhã, ao meio-dia e à noite. Agora, está vendo aquele homem ao lado do velhinho de cabelos brancos? É seu filho! Está de volta à igreja e a Jesus, depois de quarenta e cinco anos."
Estou pregando para um pai cujo filho está completamente fora da igreja? Pergunto: há quanto tempo você está orando por este filho três vezes ao dia? Quando minha mãe aceitou a Cristo pela primeira vez, meu pai ouviu falar do Evangelho, mas fechou seu coração, não quis saber nada de Jesus. Passaram-se dez anos, vinte, trinta anos. Eu vi a minha mãe todo este tempo ajoelhada, orando pelo meu pai. Trinta e quatro anos depois, meu pai abriu o coração a Jesus.
Estou falando para uma esposa que está orando por seu marido? Há quanto tempo você está orando por ele? Em algum momento tem se apoderado de seu coração a sensação de que Deus não está ouvindo você? Por que seu marido, esposa, filho, pai, mãe ou irmão parece que não reage? Dá a impressão que se endurece cada vez mais? Não desanime! A semente cai e é enterrada e pode dar a impressão de que tudo acabou. Porém, você ficará surpreso com o resultado que um dia o Senhor Jesus lhe mostrará.
Em nome de Jesus quero lhe dizer uma coisa: tenha esperança! Continue orando por seu filho, esposo, esposa,  seu vizinho,  seu primo, ou irmão. Continue clamando dez, vinte, trinta, cinqüenta anos, continue orando por eles. Um dia você terá a alegria de vê-los voltando aos braços de Jesus. Esta é a promessa que está incluída na parábola da mostarda. Quando você pensa que está tudo perdido, ainda resta a oportunidade divina. E de onde você acha que não brotará nada, brotará a vida. Esta é a mensagem da semente da mostarda.
No entanto, esta parábola nos fala também, do crescimento do Seu Reino, dos filhos e da Igreja de Deus. A Igreja teve um começo humilde: doze pescadores incultos. Gente que o mundo olhava e nunca imaginava que poderia dar origem a uma igreja que hoje é a igreja cristã. No início, perseguidos, queimados vivos, jogados nos circos para serem despedaçados pelos leões. Mas hoje, a Igreja Cristã é o que é no mundo. O Senhor Jesus está querendo dizer que tudo no Reino de Deus começa pequeno, mas vai crescendo, crescendo, e um dia chega a ser tão grande, que todas as aves do céu vêm fazer seus ninhos nos ramos da árvore.
Quem é você? Há quanto tempo você nasceu no Reino de Deus? Está pronto a crescer como a semente da mostarda? Prepare-se, porque todo processo de crescimento é doloroso, porque envolve mudança. Os seres humanos às vezes não querem mudar. Muita gente, quando começa a descobrir as verdades bíblicas, pergunta: "Quer dizer que estive equivocado em toda a minha vida até agora?" Não, querido, você não pode encarar a vida desta maneira. Você não estava equivocado antes, nem está certo hoje. Você está crescendo na sua experiência cristã.
Faço uma ilustração: quando você está no primeiro grau, você aprende a somar subtrair, multiplicar e a dividir. Quando você vai para o segundo grau, você aprende Trigonometria, Física e Química. Mas, quando você vai para a Faculdade, aprende Física Nuclear e Trigonometria Espacial. Seria justo agora, que você está na Faculdade, olhar para os seus tempos de escola primária e dizer: "quando eu sabia somente somar e multiplicar estava equivocado?" Não! Você estava crescendo! Só que você não ficou somente sabendo somar, diminuir e multiplicar, você cresceu, e o crescimento envolve dor, porque quando se estuda Física é mais complicado que aprender a somar e você muitas vezes chora.
Muitas vezes, tem que passar a noite sem dormir analisando, estudando e resolvendo os problemas. Todo crescimento envolve dor e por isso tem gente que não quer crescer na experiência espiritual porque não quer pagar o preço. Muita gente aprende a somar e quer passar a vida inteira somente sabendo somar. Não quer sair do Primeiro Grau e entrar no Segundo Grau. Não quer sair do Segundo Grau e entrar para a Faculdade.
Amigo querido será que hoje estou falando para alguém que começou a estudar a Bíblia e de repente seus olhos começaram a se abrir para verdades que antes não conheciam? Você tem que tomar uma decisão? Você tem que sair do Primeiro Grau e entrar no Segundo Grau? Tem que dar mais um passo têm que crescer, tem que mudar? Eu sei que não existe mudança sem dor. Não existe crescimento sem dor. Estou pregando para alguém que não consegue tomar uma decisão? O Reino de Deus é como um grão de mostarda que tem que crescer. Você não pode ficar acreditando nas coisas que sempre acreditou. À luz da Palavra de Deus você tem que avançar. E não olhe para o seu passado, pensando que você estava equivocado. Não, não estava. Você estava crescendo. Você está crescendo, você não está mudando de igreja. Você não está mudando de religião, você está crescendo em sua experiência cristã. Você está entendendo os novos planos que Deus tem para você, mas que você não compreendia. Estou orando em meu coração para que o Espírito de Deus o ajude a tomar sua decisão. Eu sei que não é fácil, porém, chegou o momento de crescer.
O terceiro e último pensamento desta parábola, apresenta a universalidade do Reino de Deus. Começa como uma pequena semente de mostarda e cresce e torna uma árvore frondosa e todas as aves do céu vêm fazer seus ninhos nos seus ramos.
Nós todos somos as aves, dos céus. No Reino de Deus há lugar para todos. Não importa a cor da sua pele, nem o grau de instrução que você tem. Não importa a sua posição social, nem a língua que você fala. Não importa o país de onde você vem, nem o seu passado, nem seu presente, nem seu futuro. Não importa se sua família tem um nome importante, ou não. Na árvore simbolizando o Reino de Deus há lugar para todas as aves do céu.
Estou falando hoje para uma ave ferida, com a asa quebrada? Uma ave que se sente derrotada, impotente, incapaz, humilhada e rejeitada? Na árvore que é o Reino de Deus há um lugar para você. Pode vir e pousar. Estou pregando para alguém afundado nos vícios, simpatizante de seitas espirituais, prisioneiro das drogas, do homossexualismo, da bebida, do orgulho, do ciúme, da cobiça? Venha, trazendo toda sua vida, seu caráter, sua personalidade: na Igreja de Deus, há um lugar para você. Pode vir confiantemente. Há um ninho preparado para você. Um ninho. Não pode haver figura mais eloqüente para expressar o clima de calor, de amor, de receptividade do que um ninho. Está você com frio? O gelo da indiferença dos homens está deixando você congelado? Venha, há lugar pra você no Reino de Deus. Estou falando para alguém cansado de viver? Você tem oitenta anos? Oitenta e cinco? Há um lugar para você no Reino de Deus. Há um ninho preparado para receber você. Você foi traído pela esposa, pelo marido, pelos pais, pelos filhos, pelos melhores amigos? Venha, há um lugar para você. Há um ninho preparado para que você descanse e sinta o calor de Jesus, acariciando você. Estou falando para alguém que se sente usado pela família ou pelos amigos? Todo mundo o procura só porque você pode dar alguma coisa? Ah, querido, há lugar para você no Reino de Deus.
Venha para Jesus, traga sua vida como está. Quando o Senhor Jesus entrar em sua vida, Ele colocará tudo em ordem. Ele reestruturará a sua família e devolverá seus filhos. Ele colocará paz em seu coração. Nunca mais você passará noites de angústia, sem dormir. Ele colocará alegria em seu viver e finalmente você olhará para o futuro sem medo. Abra seu coração para Jesus.
ORAÇÃO

Pai querido, obrigado porque há um lugar para todos Teus filhos em Teus braços de amor. Obrigado porque, embora cansados e feridos, podemos correr a Ti e achar descanso para nossas almas. Nos aceita, ó Pai, e dá-nos o beijo de Tua paz. Em nome de Jesus, amém.



13.  A parábola do Fariseu e do Publicano
"Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma:” Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: " Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado" (Lc 18.9-14).
Cada um desses homens foi ao templo para orar. Mas a motivação deles era essencialmente diferente. Sua mentalidade era totalmente distinta em relação ao ato de orar.
Sobre o fariseu o Senhor Jesus pronunciou uma sentença clara: "Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros." Com isso Jesus se referiu claramente ao fariseu, que pensava ser muito piedoso e por isso desprezava o publicano.
Se agora faço a pergunta: Ao lado de qual dos dois nos colocamos, do fariseu ou do publicano, com qual deles nos comparamos, com qual deles podemos nos identificar – o que responderemos? Certamente a maioria de nós dirá sem refletir muito: ao publicano! Pois do publicano o Senhor disse: "Digo-vos que este desceu justificado para sua casa." Portanto, comparamo-nos ao publicano porque aos olhos de Deus ele é melhor do que o fariseu. Embora seja assim mesmo e, em nossa história, o fariseu é condenado por Jesus e o publicano está na condição de justificado, pergunto:
Afinal, o que é um fariseu?
Talvez a resposta a essa pergunta nos permita ver os fariseus de um modo um pouco diferente do que estamos acostumados. E quem sabe os fariseus não tenham também um lado que não é tão ruim assim.
Em primeiro lugar, apesar da sua má fama, os fariseus, ao contrário dos saduceus, tinham uma boa profissão de fé: "Pois os saduceus declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito; ao passo que os fariseus admitem todas essas coisas" (At 23.8). Os fariseus, portanto, criam na ressurreição e, portanto, acreditavam na vida eterna.
Em segundo lugar, foi um fariseu que certa vez convidou Jesus para jantar: "Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa" (Lc 7.36).
Em terceiro lugar, foi os fariseus que advertiram o Senhor Jesus das intenções do rei Herodes. Lemos em Lucas 13.31: "Naquela mesma hora, alguns fariseus vieram para dizer-lhe: Retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te".
Em quarto lugar, na igreja primitiva havia também fariseus que, apesar dos seus muitos erros, chegaram à fé viva no Senhor Jesus Cristo: "...entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido..." (At 15.5). Estes eram realmente alguns que se haviam convertido do farisaísmo corrompido, razão porque a Bíblia Viva traduz assim a primeira parte deste versículo: "Foi então que alguns dos homens que tinham sido fariseus antes de se converterem..."
Em quinto lugar, um dos maiores apóstolos e evangelistas, ninguém menos que Paulo, era originário do grupo religioso dos fariseus. Paulo sempre confessava este fato com toda a franqueza. Ele mesmo disse que havia estudado com um dos fariseus mais conceituados e rigorosos de sua época: "Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei dos nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje" (At 22.3). Mais tarde, quando esteve pela primeira vez diante do Sinédrio como prisioneiro, Paulo exclamou: "Varões, irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus." Aqui ele não apenas confessou que pertencia ao grupo dos fariseus, mas também se reportou à confissão de fé deles, dizendo mais adiante: "No tocante à esperança e à ressurreição dos mortos sou julgado" (At 23.6). E mais tarde, quando Paulo teve de se justificar diante do rei Agripa, ele disse sem rodeios: "Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde o princípio entre o meu povo e em Jerusalém, todos os judeus a conhecem; pois, na verdade, eu era conhecido deles desde o princípio, se assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião" (At 26.4-5). Nesse mesmo sentido, Paulo também escreveu aos filipenses: "circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu" (Fp 3.5).
Apesar de nós, crentes da Nova Aliança, termos freqüentemente a tendência de rejeitar por completo todos os fariseus sem fazer distinção, temos de concordar que eles tinham um bom fundamento por crerem na ressurreição dos mortos.
Hipocrisia e grande conhecimento
Mas, apesar de todas as boas qualidades, um fariseu continua sendo um fariseu, ou seja, um homem com má reputação. Por quê? Além da característica mais marcante de um fariseu, que Jesus mencionou muitas vezes – a hipocrisia –, ainda havia outra coisa que era própria de um fariseu: sua grande erudição, seu enorme conhecimento. Não que isso seja algo ruim. E devemos salientar tranqüilamente que os fariseus de fato eram letrados – homens muito cultos e exímios conhecedores das Escrituras. É dito, por exemplo, de Gamaliel, um dos maiores fariseus daquele tempo e mestre do jovem Saulo de Tarso: "Mas, levantando-se no Sinédrio um fariseu, chamado Gamaliel, mestre da Lei, acatado por todo o povo..." (At 5.34). Segundo tradições judaicas, esse Gamaliel até era chamado de "o esplendor da Lei". Mas era justamente isso que fazia com que os fariseus se tornassem fariseus. Pois, ao invés dessa enorme erudição conduzi-los à verdade, grande parte deles seguia por um caminho totalmente errado. Tanto é que Paulo, o maior fariseu de todos os tempos, reconheceu esse fato, pois escreveu aos coríntios: "O saber ensoberbece, mas o amor edifica" (1 Co 8.1b). Os fariseus realmente tinham grande conhecimento, mas justamente por isso se tornaram hipócritas e cheios de si, pois lhes faltava o amor ao próximo. Não é de admirar que Paulo tenha exclamado com firme convicção: "Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Fp 3.7-9). Paulo estava disposto a desembaraçar-se de tudo o que havia aprendido como fariseu para ganhar "a sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus." Com essa postura ele ficou bastante isolado em meio aos seus antigos companheiros de religião, pois a maioria dos fariseus não alcançou este verdadeiro conhecimento.
Desse passeio pelo mundo dos fariseus, voltemos novamente ao nosso ponto de partida.
Duas pessoas que oram de modo completamente diferente
"Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano." Se olharmos estes dois homens à luz daquilo que acabamos de observar, torna-se evidente a grande diferença entre eles. Um deles, por assim dizer, sabia tudo o que uma pessoa pode saber, mas sobre o mais importante, do seu estado interior, ele não tinha a menor idéia. O outro, que era pouco instruído e pouco sabia, tinha, contudo o conhecimento mais maravilhoso que uma pessoa pode ter: reconhecia a sua condição de pecador. Por isso, o publicano, como Jesus disse, pôde voltar "justificado para sua casa", mas o presunçoso fariseu não.
Como nós nos apresentamos diante de Deus? Com que atitude orou? Comparecemos diante de Deus com nossos pedidos como pessoas que sabem muito? Conhecemos muito da Bíblia, conhecemos a palavra profética e sabemos mais ou menos o que ainda está por acontecer. Temos uma resposta pronta da Bíblia para qualquer questão que seja levantada. Como os fariseus, muitos de nós têm a melhor confissão de fé que existe: "Creio na ressurreição dos mortos e na vida eterna". Mas temos também consciência sobre a nossa própria situação?
Pode ser que houve uma época em nossa vida em que de fato tínhamos um conhecimento verdadeiro, bíblico, de nós mesmos. E este conhecimento sobre a nossa situação interior sempre nos levava a orar e suplicar como o publicano: "Deus, sê propício a mim, pecador!" Mas como isso acontece hoje, agora?
Vivemos numa época em que o homem sabe mais do que nunca. Também os cristãos de hoje em dia estão tão bem informados como talvez nunca o fossem no passado. Mas assim mesmo em muitas pessoas e em muitas igrejas locais há falta do conhecimento mais importante: o conhecimento de sua própria condição. E isso faz com que em muitos lugares se alastre um cristianismo superficial de causar medo.
Fui privilegiado por ter sido criado em um lar de pais crentes. Desde pequeno ouvíamos a Palavra de Deus a cada dia. Assim que aprendemos a ler, começamos a leitura do Livro dos livros. Mas eu me pergunto seriamente como seria ler a Bíblia como alguém que nunca a leu antes, como um livro completamente novo. Que efeito isso teria em mim?! Naturalmente, não quero dizer com isto que devemos esquecer tudo o que conhecemos da Bíblia. Mas certamente deveríamos ler a Sagrada Escritura de tal maneira que a Palavra possa nos tocar como se a lêssemos pela primeira vez. Muitos de nós temos bastante conhecimento bíblico. Mas em muitos corações esse conhecimento tão grande impede um reconhecimento do próprio estado interior, levando-os a crer erroneamente que não se encontram em perigo.
Finalizando, faço mais uma vez a pergunta decisiva: Como comparecemos diante de Deus? Com que mentalidade se ora? Como quem já sabe tudo e por isso só ora por obrigação – ou como alguém que está convicto de sua própria fraqueza e por isso busca o Senhor com ardente desejo interior? Em um dos Salmos encontramos a oração: "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (Sl 42.1-2). Somos pessoas que de fato têm sede e fome por um encontro com o Senhor – ou estamos contentes quando terminamos o nosso tempo diário de oração? Cada um de nós deve dar uma resposta sincera a esta pergunta.
  • Uma coisa é certa: A presunção, o fato de se considerar melhor que os outros, porque se sabe quão mau eles são, faz parte do jeito dos fariseus. Em nossa parábola, o fariseu conhecia muito bem a maldade das outras pessoas, especialmente deste publicano. Mas se estivermos conscientes da nossa imperfeição no momento em que orarmos a Deus, então, como Jesus disse, voltaremos "justificados" para nossa casa. "Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt 23.12). Livros




O reino do céu: como ele cresce
As sete parábolas que Jesus ensinou na margem do Mar da Galiléia, perto do fim do seu segundo ano de pregação (Mateus 13; Marcos 4; Lucas 8) constituem a mais rica coleção de parábolas nos Evangelhos. Esta série de parábolas sobre um tema comum fala da incomparável natureza do reino do céu e dos modos especiais como cresce.
O cenário para o ensinamento destas irresistíveis lições foi magnífico. No dia em que ele tinha saído de sua casa em Cafarnaum, para sentarem-se à margem do Mar da Galiléia, as inevitáveis multidões se comprimiram em volta dele. Tendo um barco de pesca como seu púlpito e as águas azuis da Galiléia como um amplificador natural, ele falou às multidões aglomeradas na praia. No espírito do Sermão do Monte, Jesus busca ajudar o povo a entender a magnificência do reino de Deus; mas agora, pela primeira vez, ele o faz com parábolas.
Você jamais se admirou do que acontece com toda a pregação do evangelho que avança no mundo? A cada dia os cristãos falam a milhares de pessoas. Por que isso tem tão pouco efeito? Teria a palavra de Deus perdido seu poder nesta "idade moderna"? Há algo de errado com o modo como estamos ensinando-o? Não estamos usando os métodos certos para engrandecer o reino?
Foram questões notavelmente similares a estas que perturbaram o prisioneiro João Batista, quando ele enviou seus discípulos ao Senhor, para lhe perguntarem se ele era o Messias ou apenas outro precursor (Mateus 11:1-6). Toda a sua insistente pregação no deserto, as enormes multidões expectantes, o anúncio do iminente reino do céu, para que tinham vindo? Ele estava na casa da prisão de Herodes por causa de seu distúrbio, e aquele no qual ele tinha repousado toda a sua esperança estava ensinando, ensinando, ensinando. Onde estava o reino? Onde estava o poder? Onde estava a glória?
A resposta de Jesus foi precisa. Ele não procura fortalecer a fé incerta de João com promessas de maravilhosas coisas que viriam. Ele estava fazendo, ele disse exatamente o que precisava ser feito. Justo como anos atrás Isaías tinha profetizado a era vindoura: os doentes seriam curados (35:5-6) e os pobres teriam o evangelho pregado a eles (61:1-2). Ele então acrescenta, gentilmente, mas com firmeza, "Bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Mateus 11:6).
O que o Senhor estava dizendo aos discípulos de João, e a todos os outros que o estavam ouvindo, é que o reino do céu é completamente diferente dos reinos deste mundo e os instrumentos de seu crescimento e aumento não são mundanos. Riqueza, intriga, glória e poder político não têm lugar dentro dele. Alguns judeus, não conseguindo entender isto, tinham ficado desencantados com os passos aparentemente pausados do céu e resolveram estabelecer o domínio de Deus pela força (Mateus 11:12). Esta mentalidade ainda vive especialmente naqueles que, descontentes com o que os modos do Senhor estão conseguindo, tomam o reino em suas próprias mãos presunçosas e buscam cumprir por astúcia humana o que a graça e a sabedoria do Todo-Poderoso deixaram, em suas mentes, de realizar. Isso pode ser visto no circo carnal em que muitas igrejas modernas se tornaram. Estas igrejas têm sua própria agenda de "sucesso" e pegam nos instrumentos carnais para o conseguirem.
Não são todos que Jesus pretende levar ao seu reino. Isto é um fato duro de se encarar. Jesus agradeceu ao Pai porque ele tinha ocultado "estas coisas dos sábios e entendidos, e as revelara aos pequeninos" (Mateus 11:25), e então chamou os "pequeninos" a ele: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei" (Mateus 11:28).
Esses foram os eventos, junto com os subseqüentes conflitos do Senhor com seus críticos entre os escribas e fariseus, que formavam o pano de fundo para a pregação das parábolas junto ao Mar.
, e a primeira delas, a parábola do semeador, aborda especialmente a questão porque o reino do céu às vezes cresce tão lentamente, porque seus meios não são espetacularmente carnais, e porque nem todos os que ouvem o chamado do evangelho respondem.
. Esta ilustração da semente e os solos não é somente uma reprovação daqueles que, perdendo a confiança na sabedoria do céu, tentarão construir o reino eterno em alguma outra coisa que não a pregação da palavra de Deus.
, mas também é um grande encorajamento para aquelas almas sincero cujo espírito evangelista tem sido duramente testado pelo que parece ser uma constante rejeição do evangelho.
. Para eles a tentação é crer que há alguma coisa inadequada com eles, alguma falha técnica, algum manuseio inábil da palavra. Esta parábola muito especial diz que não é necessariamente assim, e insta com cada discípulo a continuar pregando Cristo com segurança e expectativa!



Bibliografia


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.
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© Franco, W.O wofranco@biohard.com.br
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LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. Editora Vida. 3a Edição 2001. São Paulo – SP.

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Bíblia de Estudo Plenitude - Sociedade Bíblica do Brasil. Edição de 1995. Barueri – SP

Bíblia Eletrônica.